Varejistas criticam juros altos e pedem “destrave da economia”

26 de agosto de 2015

O consumo não acabou, o que está acabando é o nível de confiança das pessoas

jurosOs empresários do varejo brasileiro estão sentindo os efeitos da menor confiança do consumidor, da valorização do dólar e do aumento dos juros, o que tem se revertido em menos visitas às lojas e menor gasto médio por cliente, disseram nesta segunda-feira executivos do setor.

A presidente do Instituto de Desenvolvimento do Varejo (IDV) e da varejista de móveis e eletrodomésticos Magazine Luiza, Luiza Trajano, criticou as elevadas taxas de juros adotadas no país, as quais têm dificultado investimentos dos varejistas, segundo ela. “É difícil buscar financiamento com essa taxa de juros tão grande”, disse Luiza durante o 18o Fórum de Varejo da América Latina.

“Temos nos reunido com governo, está difícil qualquer tipo de investimento com essa economia travada”, disse a executiva. De acordo com a presidente do Magazine Luiza, há no Brasil potencial para o consumo no longo prazo, uma vez que as desigualdades do país permanecem.

“O consumo não acabou, o que está acabando é o nível de confiança das pessoas”, disse Trajano, citando que apenas 54 por cento dos brasileiros têm geladeira e a necessidade de construção de ao menos 20 milhões de casas próprias nos próximos 10 anos, o que gerará maior demanda por eletrodomésticos.

Segundo o presidente do Wal-Mart Brasil, Guilherme Loureiro, a redução da confiança e da renda dos consumidores já está se fazendo sentir na forma de queda na frequência de clientes às lojas, assim como baixa no gasto médio deles.

O executivo comentou que os consumidores têm preferido fazer compras de suprimentos no início do mês, logo após o recebimento do salário, para posteriormente realizarem compras apenas para reposição de produtos básicos.

“A diminuição do número de visitas é grande e o tíquete médio está caindo. O consumidor está buscando ofertas”, disse Loureiro. Por isso, a empresa está focando na expansão do formato de hipermercados da marca Todo Dia, de preços mais baixos. A previsão é que ao menos duas lojas dessa bandeira sejam inauguradas este ano no país.

O Wal-Mart também tem se voltado para a redução de custos, uma vez que não pode aumentar os preços, mesmo diante da valorização do dólar contra o real e da alta das tarifas de energia elétrica. De acordo com o executivo, a diminuição das despesas da rede se dá principalmente nos processos logísticos e na integração dos sistemas de lojas das diferentes bandeiras adquiridas pelo grupo nos últimos anos.

“Baixar os custos é a única saída para a gente. Temos que ter política de preços baixos, então temos que reduzir custos”, afirmou Loureiro.

Já para Flávio Rocha, presidente da varejista de moda Riachuelo , o momento é difícil, mas o ajuste fiscal promovido pelo governo federal era necessário.

“Você só consegue ser pessimista no Brasil no curto prazo. Quem olhar no longo prazo vê que o Brasil encerrou um ciclo e vai sair um país melhor, mais competitivo”, disse ele durante o evento, completando que a empresa não alterou seus planos de expansão para este ano.

Fonte: Reuters