Inovação é resultado de tensão. A destruição criativa de Schumpeter depende claramente de empreendedores que submetem as suas empresas ao desequilíbrio constante. O desconforto é um excelente indutor da inovação. O que não significa que basta exigir que se produzam ideias para que a inovação apareça. Não há mágica, é certo. “O empresário cria mercados para as invenções dos gênios”, diz Schumpeter. E novos mercados amadurecem e demandam inovações periodicamente.
O ciclo natural da inovação é permitir que cada nova ideia possa ser melhorada continuamente, abrindo novas possibilidades que podem ser enxergadas por novos empreendedores. Esse ciclo atormenta todas as empresas, particularmente as já estabelecidas. Afinal, de onde sairá a inovação que irá mudar as regras do jogo? Para usar um exemplo bem típico, nenhuma empresa quer ser a nova Kodak, que, mesmo tendo produzido a inovação representada pela imagem digital e pela câmera digital, preferiu manter-se confortavelmente estabelecida sobre a receita fácil dos filmes fotográficos. Ao ignorar a sua ideia, a Kodak sucumbiu ao vê-la tornar-se inovação adotada por um mercado universal.
Inovação pressupõe então uma liderança capaz de gerar e provocar essas tensões no interior das organizações. Essa liderança pode ser identificada com um grande visionário – ok, leitor, você venceu. Damos aqui o exemplo do mítico Steve Jobs e da Apple que fundou, deixou e ao retornar, foi feita a empresa mais valiosa do mundo. Mas o ideal é que a organização, a empresa, possua um processo de liderança organizado pelo qual os mecanismos de gestão orientem a inovação. E gestão, em qualquer empresa depende de processos justos, de indicadores, de metas, do básico “ficar lá dia e noite cobrando, tirando a empresa do equilíbrio, ver o que está fazendo, o que está (sendo) tentado”.
A dificuldade é que justamente a maior parte das pessoas não está focada em inovar. A inovação é papel de “outro”, eventualmente até da “área” criada especialmente para produzir ideias. Pode até funcionar (e em muitos casos funciona), mas o ideal (nem sempre o possível), é fazer com que a empresa tenha uma engrenagem montada para produzir inovação e não que ela seja privilégio de “cabeças iluminadas”. A tenacidade da liderança e dos processos, que insistem e persistem em cobrar a execução é o principal motor da inovação.
Fonte: Consumidor Moderno