Recuperação das vendas no varejo só deve vir em 2017

16 de outubro de 2015

As vendas do comércio varejista caiu 0,9% no país em agosto, frente a julho, a sétima baixa seguida, segundo a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) do IBGE

varejoAs vendas do comércio aprofundaram as perdas em agosto e ainda não são vistos a curto prazo nem sinais de reação. Com a piora no mercado de trabalho, queda da renda e encarecimento do crédito – aspectos que afetam diretamente o varejo – economistas esperam novas quedas nos próximos meses e recuo este ano e em 2016. Assim, o setor deve registrar em 2015 a primeira queda anual desde 2003.

As vendas do comércio varejista caiu 0,9% no país em agosto, frente a julho, a sétima baixa seguida, segundo a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) do IBGE, divulgada ontem. De fevereiro a agosto, as vendas acumulam queda de 6,4%. Na comparação com agosto de 2014, o tombo foi de 6,9%, o mais alto na comparação anual desde março de 2003, quando foi de 11,4%. Apenas em 2015, a queda acumulada do varejo é de 3%.

RECUO ATÉ EM SUPERMERCADOS

A queda nas vendas foi disseminada entre os setores, desde segmentos de consumo considerados passíveis de adiamento, como automóveis, móveis e eletrodomésticos, até o que é mais essencial para as famílias: as compras de supermercado. Na comparação anual, o único segmento com taxa positiva foi o de artigos farmacêuticos (1,1%). Mas o setor vinha apresentando altas de mais de dois dígitos desde 2014.

– Vivemos uma situação em que o fundo do poço não parece ter sido atingido. Conforme o mercado de trabalho piora, a inflação pressiona o custo de vida das famílias e se deterioram os indicadores de confiança e a situação do crédito – afirma o técnico do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Leonardo Carvalho.

Os números de agosto levaram a uma piora das projeções para o varejo. A LCA Consultores ampliou a queda prevista em 2015 de 3% para 3,5%. Assim como a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), que passou de -2,9% para -3,6% a projeção. O Bradesco prevê que as vendas vão cair 4%, enquanto a consultoria Tendências pretende baixar mais ainda sua previsão de queda de 4,1%. Para chegar a esse resultado, seria necessário que as vendas parassem de cair já a partir dos dados de setembro, o que a consultoria não acredita ser possível.

ÚLTIMO A COMEÇAR A DEMITIR

Para 2016, as projeções vão de leve recuo, de 0,2%, segundo a LCA Consultores, até queda de 2%, de acordo com o Bradesco, passando pela estimativa de perda de 1,5% da Tendências. O recuo em 2015 será o primeiro desde 2003, quando o comércio caiu 3,7%. Entre 2004 e 2014, as vendas só cresceram.

– O quadro do varejo é depressivo e recessivo, sem reversão até o ano que vem. O que se vê é um esfriamento generalizado – diz o economista da LCA Consultores Paulo Neves.

As seguidas perdas têm levado o varejo a demitir. O setor foi um dos últimos a começar a cortar vagas, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho. Entre janeiro e agosto de 2015, o setor cortou 238,7 mil postos, ante perda de 75 mil em igual período de 2014. No mercado como um todo, são 633 mil vagas a menos este ano. No ano passado, criaram-se 504 mil.

Fonte:  O Globo | Economia