Crise é maior no setor de eletrodomésticos

16 de outubro de 2015

Varejo fecha lojas e Magazine Luiza sofre queda de 10% nas receitas

eletrodomésticos_internoA crise no varejo é mais intensa no setor de eletrodomésticos, com queda de 11,7% este ano. Só em agosto, o tombo foi de 18,8% frente ao mesmo período do ano passado. O ambiente de juros altos e queda na renda deve fazer com que o setor de varejo de eletroeletrônicos enfrente pelo menos dois anos difíceis. E força a mudanças no planejamento das empresas. A avaliação é de Ana Paula Tozzi, presidente da GS&AGR Consultores, especializada em varejo.

O segmento é muito dependente do crédito, que está mais escasso e caro. E sofre com a queda da renda, consequência da alta do desemprego e da inflação.

Segundo ela, para fazer frente a esse cenário desfavorável, a saída é fechar lojas deficitárias, oferecer serviços atrelados à venda de produtos e investir mais fortemente no comércio eletrônico:

– As lojas que já estão abertas há dois anos e não têm bom desempenho devem ser fechados, porque essa melhora não virá em 2015 e 2016.

Eliminação de pontos deficitários e redução de custos têm sido o foco da ViaVarejo, dona de Ponto Frio e Casas Bahia. Diante da queda de 22,7% nas receitas no terceiro trimestre, a empresa disse que, de julho a setembro, fechou 31 pontos que dão prejuízo. Desde janeiro, 42 lojas fecharam as portas, enquanto 26 novas foram abertas. O Magazine Luiza, também forte nas linhas de móveis e eletroeletrônicos, teve queda de 10,1% nas receitas no segundo trimestre e viu seu lucro encolher mais de 80%. Mas a empresa afirmou que não alterou seu plano de abrir até 30 novas lojas este ano e que não fechou nenhum ponto de venda.

ESTOOUE ELEVADO NA INDÚSTRIA

Os dados da indústria dão uma medida dos problemas do varejo. De acordo com Lourival Kiçula, presidente da Eletros, entidade que reúne fabricantes de eletroeletrônicos e linha branca, a produção encolhe em todos os segmentos: 30% no de televisores e de 10% a 15% entre os produtos da linha branca (máquinas de lavar, secadoras e microondas) e eletroportáteis (como liquidificadores e batedeiras).

– Entre os fabricantes de ar-condicionado, os estoques são enormes e não haverá mais produção este anoafirma Kiçula.

Lenon Borges, da Ativa Investimentos, concorda que o crédito mais caro e o desemprego “pressionam” o setor e lembra que, como esses produtos contaram com incentivos nos últimos anos, as famílias renovaram seus equipamentos.

– E hoje, com menos renda e as incertezas, as famílias não vão trocar seus eletrodomésticos.

Segundo Borges, a renda menor atinge, ainda, os supermercados. O Pão de Açúcar, por exemplo, viu as receitas líquidas crescerem 7,3% no trimestre passado ante o mesmo período de 2014, abaixo da inflação acumulada em 12 meses, enquanto as receitas da rede de “atacarejo” Assai, subiram 23%.

– As famílias planejam mais as compras e procuram preços mais baratos, é uma realidade diferente dos outros segmentos.

Fonte: O Globo | Economia