Crise econômica não combina com Natal. Na época do ano em que mais se compra e vende, nos meses mais rentáveis para o comércio, não há lugar para crise. Ou, pelo menos, não deveria haver. Com previsões que indicam queda no faturamento das lojas, redução nas contratações temporárias para o período, e queda na estimativa do valor gasto com presentes, a expectativa é que este fim de ano seja, no mínimo, diferente.
O 13º salário, que costumava ser empregado justamente nas compras de Natal e ano novo, e até em viagens de férias, serve ainda como auxiliar para sanar dívidas ou, ao menos, não passar o ano no vermelho.
De acordo com a economista Sônia Vilela, o 13º salário tem como objetivo gratificar o trabalhador e prover as festas de Natal e fim de ano. O consumidor, porém, deve se preparar para os tributos que já fazem parte do orçamento no início do ano, além de despesas adicionais com férias e o retorno às aulas.
Sempre que possível, é necessário poupar, já que podemos enfrentar atrasos em pagamentos de salários, redução abrupta de renda ou mesmo a perda temporária dela. Mas, é possível utilizar os recursos otimizando-os, de modo a atender e priorizar as necessidades – ressaltou.
Para Sônia Vilela, as festividades não devem passar em branco. Para isso, porém, o consumidor deve se organizar.
– Diante de um ano difícil como 2015, precisamos nos preparar com as melhores expectativas. O planejamento, a otimização dos gastos e criatividade permitem passar um bom Natal, não de gastança, mas talvez de solidariedade, paz, alegria, fraternidade – avaliou.
A economista explicou que o parcelamento em duas vezes é importante para socorrer despesas não esperadas e não planejadas. Mas, ela aconselha, para o consumidor, pode ser um bom momento de poupar e prover as despesas de fim de ano, antecipando-as e conseguindo descontos.
– Vendo pelo lado das empresas, o parcelamento reduz o impacto com despesas que podem ser feitas de uma só vez, e garante o retorno em consumo antecipado quando tais recursos são gastos, gerando aquecimento na economia – ressaltou.
Parcelamentos devem ser evitados
Apesar da preocupação com as contas vencendo, muita gente ainda vai guardar uma fatia do dinheiro para as compras de Natal. É o que aponta uma pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). De acordo com dados divulgados esta semana, quatro em cada 10 brasileiros – ou 43% irão utilizar pelo menos parte do 13º salário para a compra de presentes de Natal.
Entre os entrevistados que receberão, mas não irão gastar tudo com as compras de Natal, 31% pretendem aplicar na poupança ou em outras formas de investimentos, e 24% vai aproveitar para quitar dívidas e organizar a vida financeira. Em comparação com 2014, a opção de economizar ou de investir caiu significativamente: em 2014, eram 46%. Este ano ainda aumentou o percentual de pessoas que não sabem o que fazer com o 13º salário: 16% em 2015 contra 5% ano passado.
Para a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, o salário extra deveria ser, primeiramente pensado para sanar dívidas pendentes, empréstimos ou para investir.
– Se o consumidor tem apenas uma dívida em aberto, é mais fácil resolver o problema. Caso exista mais de uma, o ideal é escolher aquela que está atrasada ou optar pelo valor com juros mais altos, como, por exemplo, cheque especial ou cartão de crédito – aconselhou.
Para as pessoas que optam por usar o 13º na compra de presentes de Natal, a economista alerta para as compras divididas em muitas vezes. Segundo Marcela, o ideal é evitar que as parcelas se somem com as contas de início de ano.
– Com dinheiro na mão, o ideal é fugir dos parcelamentos e negociar descontos atraentes nas lojas, preferencialmente, pagando à vista – ressaltou.
Fonte: Diário do Vale Online