O que ocorrer com as vendas de Natal, inclusive em virtude da injeção do 13º salário na economia, deve pautar os empresários ao longo de 2016
O Natal deve servir como termômetro para os empresários do varejo, especialmente os dos segmentos de alimentos e bebidas, que costuma sofrer menos oscilações em razão das mudanças nos hábitos de compra. “As decisões e o comportamento do consumidor dentro de um supermercado são, evidentemente, menos voláteis e suscetíveis ao humor, ainda que não impermeáveis à crise”, afirma o presidente do Sincovaga-SP (Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios do Estado de S. Paulo), Alvaro Furtado.
Justamente por isso, o que ocorrer com as vendas de Natal, inclusive em virtude da injeção do 13º salário na economia, deve pautar os empresários ao longo de 2016. Desde 2014, o Sincovaga-SP acompanha mudanças de comportamento do consumidor por meio de sondagens e pesquisas e vai continuar esse trabalho no ano que vem.
Neste ano a entidade já apurou que, apesar de muito consistente e constante nas compras de alimentos e bebidas, o consumidor já protagonizou algumas mudanças: alterou um pouco o volume e experimentou novas marcas (normalmente mais baratas). Ou seja, a crise tem sido tão profunda que o orçamento doméstico está mais restrito, e o consumidor já desistiu do carro novo (em dois anos a venda de carros novos caiu pela metade), deixou de lado viagens e compras de eletrodomésticos e, mesmo assim teve que rever seu carrinho de supermercado.
Segundo avaliação do Sincovaga-SP, neste Natal as pessoas vão optar em gastar o 13º pagando dívidas e comprar uma boa ceia, mas irão se afastar de novos parcelamentos e de aquisições de muitos presentes e itens supérfluos. A entidade também aposta que os itens importados ou mais sofisticados vão perder mercado, visto que o consumidor tende a ser mais racional e comedido.
“Como não há como prever com total certeza o que irá acontecer, é importante que o supermercadista acompanhe o que de fato as famílias vão fazer com o 13º e suas decisões de consumo neste final de ano. Este sim será o indicativo importante para o posicionamento das diferentes lojas em diferentes regiões do Estado”, avalia Alvaro Furtado.
O mix de produtos, a quantidade, o giro, tudo isso será bem testado neste Natal. Além do cenário econômico negativo, há outros aspectos influenciadores do consumo, como o esvaziamento de algumas regiões, como a capital, e o aumento do fluxo em outras, como o litoral, além do impacto do aumento de gastos no início do ano com IPTU, IPVA e matrículas escolares.
Para o presidente do Sincovaga-SP, será preciso observar e conhecer ainda melhor o cliente, ter em mente essas alterações e montar um estoque adequado às necessidades, ao gosto e ao bolso do consumidor em 2016, que certamente estará mais sóbrio e modesto. “Com isso em mente, os empresários podem aumentar os seus retornos e minimizar eventuais perdas. O pior que se pode fazer é seguir fazendo as mesmas coisas ou negar que o consumidor mudou”, completa Alvaro Furtado.
Fonte: Maxpress