Indicador de Investimentos MPE indica que 70% dos empresários não pretendem investir. Para especialistas, número reflete a desconfiança com a economia
O ano de 2015 definitivamente demonstrou uma baixa disposição dos micro e pequenos empresários (MPEs) em contratar crédito para seus empreendimentos, refletindo o cenário econômico adverso no Brasil. Dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) mostram que apenas 9,4% desses empresários têm a intenção de procurar crédito pelos próximos três meses.
O indicador mensal registrou em dezembro apenas 13,14 e ficou praticamente estável na comparação com o mês anterior, quando registrou 13,47 pontos.
O resultado é considerado baixo, visto que a escala do indicador varia de zero a 100. Quanto mais próximo de 100, maior é a probabilidade de os empresários procurarem crédito e, quanto mais próximo de zero, menos propensos eles estão para tomar recursos emprestados para os seus negócios.
Na avaliação do presidente da CNDL, Honório Pinheiro, a economia brasileira não inspira a confiança necessária para que os empresários assumam compromissos de longo prazo, principalmente em um momento em que os brasileiros estão diminuindo o consumo de bens e serviços. “Os problemas que compõem o complicado cenário econômico atual contribuem para aumentar as incertezas em relação ao futuro da economia e dos negócios”, diz Honório.
O ambiente de recessão e juros em alta não é, contudo, a única explicação para a baixa demanda por crédito. Entre os empresários que não pretendem contratar, mais da metade (51,6%) dizem que conseguem manter o negócio com recursos próprios, e 25,5% alegam que no momento não estão pensando em fazer investimentos na empresa.
Para aqueles que pretendem tomar crédito nos próximos meses, o microcrédito aparece como a principal modalidade a ser contratada, sendo mencionada por 47,4% dos entrevistados, seguida pelo cartão de crédito empresarial (19,7%). De acordo com o SPC Brasil, o crédito destina-se, principalmente, para capital de giro (46,1%), compra de estoques ou insumos (30,3%) e para a reforma da empresa (25%).
70% dos MPEs não pretendem investir
O Indicador de Investimentos MPE também registrou um baixo patamar, o que demonstra que a recessão econômica também está afetando os planos de expansão dos micro e pequenos empresários. Na comparação entre novembro e dezembro, o indicador caiu de de 27,18 pontos para 25,16 pontos, sendo que quanto mais próximo de 100, maior é a propensão ao investimento.
Cerca de 70,0% desses empresários não pretendem investir nos próximos 90 dias. “O número reflete a desconfiança com o cenário econômico. As projeções para 2016 apontam para mais um ano de queda do PIB, que pode chegar a 3%. Diante desse quadro, o incentivo para expandir os negócios ou realizar melhorias é menor”, explica a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.
O principal investimento a ser realizado pelos entrevistados que pretendem investir é a reforma da empresa, mencionada por 40,6%. Também aparecem com destaque a aquisição de equipamentos e maquinário (33,7%), ídia e propaganda (26,9%) e a ampliação dos estoques (25,7%). Entre eles, a maioria pretende usar capital próprio (66,3%) e outros 27,4% pretendem recorrer a empréstimos em bancos e financeiras.
Fonte: SPC Brasil