Veja como se organizar para ter um filho sem passar apertos, considerando gastos do nascimento até o término da faculdade
Com a chegada de um filho, as despesas da família aumentam muito – e lidar com esses gastos extras costuma ser uma grande preocupação dos pais. Segundo pesquisa de 2013 do Instituto Nacional de Vendas e Trade Marketing (Invent), os pais podem ter gasto R$450 mil só com ele, pensando em uma família com renda mensal de R$3.520 a R$8.800. “O nosso Brasil tem uma enorme diferença de classes sociais, logo, uma grande variedade de situações econômicas. Isto faz com que qualquer previsão seja muito imprecisa. A única certeza que fica é: vai custar bastante, portanto planejamento é essencial”, diz Adriano Maluf Amui, diretor do Invent.
Neste caminho para não sofrer apertos financeiros, é necessário saber não apenas o que precisa gastar com seu filho, mas também o quanto pode gastar com a criança. Assim, para ter um filho sem prejudicar as finanças da família, o primeiro passo é se organizar. Saiba como!
Quanto custa um filho, do nascimento até os 23 anos?
Veja abaixo a média de gastos com um filho, do instante em que ele nasce até sair da faculdade, levantada pelo Invent em 2013 e com valores corrigidos pelos economistas do SPC Brasil para 2016 (segundo o IPCA no período e, quando disponível, corrigido por subgrupos específicos do índice). “É importante ter em mente que esses números são estimativas e que variam muito de família para família. O principal é sempre buscar adequar seus gastos a sua realidade financeira e necessidades”, ressalta Marcela Kawauti, economista-chefe do SPC Brasil.
De onde virá o dinheiro?
Uma despesa considerável vem chegando por aí. Se a renda familiar não aumentará juntamente com a vinda dessa nova despesa, é preciso remanejar as contas, cortas gastos e abrir espaço para os custos adicionais. Nosso simulador Diagnóstico Financeiro ajuda na tarefa de listar seus gastos e rendas. Feito isso, avalie o que pode ser cortado ou reduzido. “Para ter equilíbrio financeiro nesta nova fase é necessário rever suas prioridades em relação às despesas e até repensar seu estilo de vida, readequando o orçamento para manter seus gastos sob controle”, ensina Ana Paula Hornos, educadora financeira e coach.
Faça listas
Isso mesmo. Para estimar seus gastos com seu filho, faça listas de tudo o que deve precisar, a cada fase da vida dele. Este é um trabalho que pode ser feito ao longo do tempo, a partir de muita pesquisa. “Para mim, conversar com pessoas que acabaram de ter um filho ajudou muito nesta questão de imaginar meus gastos, pois elas estavam com informações frescas do que o bebê precisou”, conta Fernanda Ferreira, mãe da Alice, de dois anos. Nessas listas, inclua gastos com alimentação, plano de saúde, vacinas e remédios. Lembrando que estes levantamentos são apenas para que o casal tenha uma noção de gastos e possa se organizar melhor. “Uma dica é dividir por período, por exemplo, gastos até seis meses, depois de seis meses a um ano e assim por diante”, completa Fernanda. A cada nova fase do filho, é preciso uma nova organização financeira. Por exemplo, quando ele entrar em idade escolar, procure levantar os gastos que chegarão com este novo momento, sempre listando despesas antecipadamente. Para te ajudar nessa tarefa, use o Simulador Escolar do Meu Bolso Feliz e descubra quanto custa por mês a educação de 1 filho.
Comece uma reserva financeira
Estes são os primeiros de muitos outros gastos. “Eu achava que fraldas eram caras, até ela entrar na faculdade!”, brinca o empresário Paulo Garcia, pai de Mariana, de 23 anos. “O que nos ajudou foi fazer uma previdência privada – que na época era o que conhecíamos como um bom investimento – pensando em resgatar o valor 18 anos depois. Acabamos mexendo no dinheiro quando ela quis fazer um intercâmbio aos 16 anos, mas certamente foi um dinheiro fundamental na educação da Mari”, resume Paulo. Ou seja, será que não compensa mais juntar dinheiro para oferecer a melhor educação que seu filho pode ter, em vez de gastar em supérfluos que talvez ele nem use?
Lembre-se que esta reserva também ajudará em relação a imprevistos que possam comprometer, de alguma forma, a renda familiar – e consequentemente afetar as despesas com a criança. Por exemplo, no caso de um dos pais perder o emprego ou ficar doente. Pense a longo prazo e seja precavido em relação a gastos com educação. Durante 18 anos, pode-se conseguir uma boa grana investindo apenas R$100 por mês.
Como economizar, a cada fase da vida?
Até um ano
É perfeitamente compreensível se encantar com toda camisetinha fofa que ficaria “uma graça” no seu bebê. Assim como é natural que pais queiram dar o melhor aos seus filhos. No entanto, para manter o orçamento na linha, é preciso ter algumas coisas em mente, sempre:
– o que importa para o seu bebê é o carinho dos pais. Ele não sabe que a camiseta que você comprou é de uma marca famosa ou que o brinquedo novo é importado. Assim, em vez de investir tempo em compras muitas vezes desnecessárias para a criança, invista seu tempo curtindo seu filho;
– pesquise preços e o que de fato precisará. Nossa matéria Como economizar durante e após a gravidez mostra dicas de como economizar;
– nem sempre o mais caro é o melhor. Já pensou que seu bebê pode ser alérgico a algum componente daquela blusinha caríssima? Ou que esta mesma blusinha terá exatamente o mesmo uso que uma blusa três vezes mais barata?
– bebês crescem muito rápido. Nos primeiros meses o bebê cresce cerca de 8cm. Dos três aos seis meses, ele cresce em média mais 7cm. Com um ano, a estimativa é de ele já ter esticado outros 10cm, segundo o pediatra Ernesto Mascarenhas. Ou seja, a roupinha que você comprou hoje não servirá mais em poucos meses. Assim, mais vale fazer pequenas compras mês a mês, daquilo que é necessário, do que grandes compras – ou compras constantes – de itens que você acha que ele vai vestir, mas que acaba nem usando.
6 a 10 anos
Nesta fase é hora de levantar gastos com escolinhas – o que inclui material didático e uniforme – e transporte. Pense também nas festinhas, eventos entre pais e coleguinhas e cursos como Inglês, natação, ballet e judô. Aconselha-se, nessa faixa etária, estimular a criança a ter um cofrinho. Ela ainda é muito nova para entender o que é poupar, mas juntando moedinhas já começará a compreender o que é o dinheiro, por ser algo palpável. Dos seis aos dez anos, pode-se pensar também em uma semanada, para que a criança aprenda a administrar seu próprio dinheiro. “Isso, claro, apenas se couber no orçamento familiar. Cada família deve estipular a quantia da semanada de acordo com sua condição financeira”, alerta Vignoli.
Adolescência
Na adolescência, entram despesas com possíveis viagens, saídas com amigos e consumo de bens materiais que não são necessidade básica, com este ou aquele item da moda. Considerando tais gastos, a partir dos 11 anos, vale a pena incluir no orçamento um valor para uma mesada, pois o adolescente já tem o conceito de temporariedade e consegue administrar uma quantia maior, por mais tempo. No entanto, é fundamental educar financeiramente o seu filho, fazendo com ele entenda a importância de se planejar e escolher com inteligência com o que gastar seu dinheiro.
Nesta fase é interessante também que os pais se programem financeiramente para possíveis cursos que o adolescente queira fazer, especialmente aqueles que tendem a contribuir para a educação do jovem. Além disso, necessidades como um computador e celular entram em jogo. “Ao observar em quais itens os pais optam por gastar o adolescente começa a dar valor a estes bens. Assim, pense sempre se prefere gastar em peças de roupas desta ou daquela marca ou juntar para investir em um laptop que contribuirá para a formação do seu filho”, diz Vignoli.
Jovem adulto
Nesta fase, quem guardou dinheiro desde o nascimento da criança deve contar com uma quantia que ajudará a financiar a faculdade do filho, caso não se trate de um curso em universidade pública. Além disso, se o jovem ainda não tem condições de se manter ou ajudar com as despesas, é preciso levar em consideração os gastos com material didático, transporte e alimentação, entre outros custos extras como saídas com os amigos e baladas. . “Por isso, é imprescindível que os pais ensinem aos filhos que dinheiro deve ser conquistado e que o orçamento que banca seus estudos e seu estilo de vida é o mesmo que sustenta a casa. Dessa forma ele entenderá que deve se adequar ao padrão de vida da família”, diz Vignoli. Por fim, vale a pena, também, estimular o jovem procurar um emprego e começar a conquistar seu próprio dinheiro.
Fonte: Meu Bolso Feliz