50% das brasileiras chegam ao fim do mês sem sobra financeira, mostra SPC Brasil

6 de abril de 2016

É alarmante o número de consumidoras que chegam ao fim do mês sem nenhuma sobra financeira ou até mesmo no vermelho

consumidorPraticamente a metade das mulheres brasileiras consegue pagar todas as contas do mês, sendo que, na maioria das vezes, ainda sobra um pouco de dinheiro para guardar ou comprar algo que queiram. Porém, em meio à crise econômica atual, é alarmante o número de consumidoras que chegam ao fim do mês sem nenhuma sobra financeira ou até mesmo no vermelho: 50,4% estão nessa situação. É o que mostra uma pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL).

Entre as mulheres que não conseguem pagar as contas mensais, a principal justificativa é o comprometimento com os gastos considerados básicos, como as contas de luz, água, aluguel e a compra de mantimentos como arroz e feijão.

De acordo com a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, esse quadro preocupa porque, em tempos de crise, o risco de desemprego é maior. “O avanço da inflação e o aumento no desemprego desde o ano passado estão corroendo o poder de compra dos consumidores e provocando um desequilíbrio no orçamento pessoal e familiar de muitas famílias. O desafio é ajustar os gastos de modo a não se endividar e, se possível, fazer uma reserva”, explica.

Dentre outras razões apontadas pelas entrevistadas para não conseguirem pagar as contas mensais também está a falta de controle com os gastos, citado por 18,2% da amostra, com percentuais maiores entre as respondentes mais jovens (27,5%), e ainda os gastos realizados além do que o orçamento permite por outros moradores da casa (15,0%, aumentando para 24,2% entre aquelas com idade entre 35 e 54 anos).

Falta de informação e de dinheiro impedem preparo para aposentadoria

Para avaliar a capacidade de planejamento e organização financeira no médio prazo, a pesquisa também questionou as entrevistadas sobre o que fariam caso ganhassem algum dinheiro extra, correspondente ao ganho de 12 meses de salário. Diante deste cenário, a atitude mais comum para as mulheres seria a de guardar para alguma emergência (34,7%, aumentando para 45,1% entre as mais velhas e 39,6% entre as solteiras). Além disso, também foram citadas a reforma da casa (33,9%), o pagamento de dívidas e o desejo de fazer uma viagem (26,2%).

Se, em curto prazo, a situação financeira das entrevistadas preocupa, também é alarmante a situação da preparação para o futuro e para a aposentadoria. O estudo indica que 19,6% não se preparam por não saber por onde começar e cerca de 12,1% gostariam de preparar-se, mas dizem não ter sobra de dinheiro para guardar. Outros 19,0% afirmam se preparar dependendo do INSS, enquanto 13,0% pretendem recorrer à poupança e/ou investimentos. Apenas 4,7% preparam-se por meio de previdência privada.

O educador financeiro do SPC Brasil e portal Meu Bolso Feliz, José Vignoli, lembra que é preciso buscar informações a respeito da aposentadoria para poder se preparar: “Muitas pessoas pensam que só adianta poupar ou investir se for uma quantia grande e por isso desistem de se organizar para a aposentadoria. Cada um deve agir conforme a própria realidade financeira, mas sabendo que os benefícios serão colhidos dentro de vários anos, justamente quando a pessoa mais precisar”, afirma Vignoli.

Em média, as entrevistadas que estão se preparando para a aposentadoria o fazem há 13 anos, média que aumenta com o avanço da faixa etária e entre as entrevistadas das classes A e B.

Cartão de crédito: produto com maior acesso entre as mulheres

A pesquisa também mapeou o acesso das mulheres aos serviços financeiros e entre os serviços e produtos financeiros de maior acesso estão o cartão de crédito (56,9%), a conta corrente (55,9%) e a poupança e investimentos (53,1%) – em muitos casos, compartilhados com os cônjuges ou ainda em nome de terceiros. Entre os produtos e serviços exclusivamente no nome das entrevistadas, os mais citados são o a conta corrente (48,2%) e o cartão de crédito (42,9%).

Também foi avaliada a satisfação das entrevistadas em relação às instituições prestadoras destes serviços, e o estudo mostra que o segmento não está conseguindo atingir o objetivo de atender às necessidades das mulheres: a média da satisfação com itens que permeiam o relacionamento entre as instituições e as mulheres ficaram entre as notas 5 e 6, considerando uma escala de 10 pontos.

“Esse é um importante gancho para que as empresas desse setor possam entender o que as consumidoras brasileiras procuram”, explica Kawauti. “Identificar seu público alvo e entender o universo feminino são possíveis estratégias para os empresários conseguirem atender seus consumidores e aumentarem suas vendas”, indica a economista.

Apesar dessa nota, quando as mulheres necessitam de informações sobre investimentos, empréstimo ou outros produtos financeiros, a preferência de 34,9% é justamente procurar nessas instituições e em bancos, seguidos dos amigos e da família (20,1%). Outros 25,8% das entrevistadas afirmam não usar serviços financeiros.

Fonte: CNDL