Um em cada 10 ficou inadimplente por ‘emprestar’ o nome

28 de abril de 2016

Só 11,5% dos que ‘emprestaram’ nome receberam valor integral da dívida. Levantamento foi feito pelo SPC Brasil e pela CNDL com 1.088 pessoas

dividasDe cada dez consumidores que estão ou ficaram com o nome sujo nos últimos 12 meses, um deles (11,2%) foi por ter “emprestado” o nome para outra pessoa fazer compras ou tomar empréstimos. A informação está em um levantamento feito pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) com 1.088 pessoas de todo o país.

Essa dívidas não pagas foram feitas principalmente com nome de amigos (26,6%) e irmãos (21,%). Apesar dessa prática não ser considerada “adequada” para as finanças, 39,6% dos entrevistados afirmaram que o principal motivo para tomarem essa atitude de emprestar seus dados, cartão ou cheque foi o de “ajudar.”

Para o educador financeiro do SPC Brasil e do portal Meu Bolso Feliz, José Vignoli, devido à proximidade pessoal o consumidor fica sensibilizado, já que é muito mais difícil negar ajuda.

“O problema é que decisões financeiras precisam ser tomadas de forma racional, e quando as emoções interferem, o julgamento do consumidor fica comprometido. Por isso, o recomendável é pensar bastante, de preferência sem a presença da pessoa que fez o pedido, antes de tomar qualquer atitude”, avaliou ele.

Relacionamento ficou ‘abalado’
Em pelo menos 69,2% dos casos, os entrevistados afirmaram que o relacionamento entre o devedor e quem emprestou o nome ficou abalado. Dos entrevistados que emprestaram o nome e ficaram inadimplentes, 82% afirmaram que pretendem “nunca mais emprestar seus dados, cartões e cheques a terceiros.”

Segundo a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, emprestar o nome para amigos ou conhecidos é uma atitude solidária, mas pode estragar planos importantes de médio e longo prazo, como comprar uma casa, um carro ou investir na educação e saúde.

 “Ao tentar ajudar uma pessoa próxima, é preciso pensar bastante antes. Os resultados da pesquisa indicam que, frequentemente, quem emprestou o nome acaba se responsabilizando por uma dívida que não fez, com graves desdobramentos como a restrição ao consumo, inadimplência e até mesmo a perda da amizade de quem pediu ajuda”, acrescentou ela.

Quitação da dívida
Além de emprestar o nome para outra pessoa e ter que arcar com a dívida, a pesquisa identificou que quase metade (44,3%) não cobrou o dinheiro de volta.

Além disso, apenas 11,5% já receberam o valor integral da dívida e 12,1% um valor parcial, sendo que 76,4% não receberam nada.

A principal justificativa de quem não pagou é que não possui dinheiro para pagar (40,3%) e outros 15,1% dizem que a pessoa alegou que irá pagar quando arrumar um emprego ou tiver um aumento do salário, informaram a CNDL e o SPC Brasil.

O estudo também mostra que apenas 5,3% daqueles que fizeram compras com o nome de outra pessoa, e ficaram inadimplentes, pagaram integralmente a dívida. Outros 64,1% ainda estão em negociação para o pagamento e dois em cada dez (19,9%) assumiram essa pendência.

Segundo Kawauti, o consumidor que ficou inadimplente acha que a dívida não é dele e muitas vezes adia ou renega o pagamento.

“Porém, ainda que ele não tenha de fato contraído a dívida, tem responsabilidade em ter emprestado o nome e a única maneira de sair dessa situação pode ser ele mesmo pagar o valor da conta em atraso”, afirmou ela.

Fonte: G1