Inadimplência das operações com recursos livres somou 5,9%, diz BC. Já os juros bancários destes empréstimos avançaram para 52,3% ao ano
A taxa média de juros cobrada pelos bancos e a inadimplência das suas operações com recursos livres (excluindo crédito imobiliário, rural e do BNDES) voltaram a subir em maio, batendo novo recorde da série histórica do Banco Central, que começa em março de 2011.
Números divulgados nesta segunda-feira (27) mostram que os juros bancários médios, ainda com recursos livres, cresceram 0,2 ponto percentual em maio, para 52,3% ao ano. Já a inadimplência destas operações, para pessoas físicas e para empresas, atingiu o patamar de 5,9% em maio. Em ambos os casos, são as maiores taxas em mais de cinco anos.
O aumento da inadimplência das empresas e das famílias acontece em um momento de forte recessão na economia brasileira. No primeiro trimestre de 2016, o Produto Interno Bruto (PIB) teve queda de 0,3% em comparação com os três meses anteriores.
Mais cedo, o Banco Central já havia divulgado que os juros médios cobrados pelos bancos nas operações com cheque especial e com cartão de crédito rotativo avançaram em maio deste ano e voltaram a bater recorde histórico.
Pessoas físicas e empresas
O BC informou que a taxa de inadimplência das pessoas físicas, nos empréstimos bancários com recursos livres, que mede atrasos nos pagamentos acima de 90 dias, somou 6,3% em maio – o maior patamar desde maio de 2013, quando somou 6,6%.
Já a taxa de inadimplência de empresas subiu de 5,1% em abril para 5,4% em maio, o maior nível desde o início da série – em março de 2011.
No caso dos juros bancários, os números do Banco Central mostram as taxas cobradas das pessoas físicas subiram 0,7 ponto percentual em maio, para 71,7% ao ano (também o maior da série), enquanto que os juros bancários médios cobrados das empresas, ainda nas operações com recursos livres, recuaram de 31,1% em abril para 30,6% ao ano em maio.
Juro bancário x taxa básica
O aumento dos juros bancários, nos últimos meses, acompanhou a alta da taxa básica da economia, a Selic, fixada pelo Banco Central a cada 45 dias para tentar conter as pressões inflacionárias. A taxa Selic, porém, subiu bem menos do que os juros bancários.
Desde o início de 2015, taxa avançou de 11,75% para 14,25% ao ano, ou seja, um aumento de 2,5 pontos percentuais.
Os números mostram que os bancos elevaram suas taxas de juros ao consumidor de maneira bem mais intensa. No mesmo período, os juros bancários médios (sem contar crédito habitacional, rural e do BNDES) subiram 13,2 pontos percentuais e aqueles cobrados somente das pessoas físicas avançaram 19,7 pontos percentuais.
Reportagem publicada pelo jornal norte-americano “The New York Times”, no fim de 2014, informou que os juros praticados em algumas linhas de crédito no Brasil “fariam um agiota americano sentir vergonha”, citando os cartões de crédito.
Estudo da consultoria Economática, divulgado em março deste ano, informa que a mediana da Rentabilidade sobre o Patrimônio (ROE) de todos os bancos brasileiros de capital aberto no ano de 2015 foi de 10,78%, contra 7,92% dos bancos dos Estados Unidos.
Quando se considera apenas os bancos com ativos acima de US$ 100 bilhões (Itau-Unibanco,Bradesco, Banco do Brasil e Santander), a mediana da rentabilidade sobre o patrimônio foi maior ainda: de 20,06% em 2015.
‘Spread’ bancário
Com o aumento dos juros bancários para pessoas físicas em abril, houve aumento do chamado “spread bancário” – que é a diferença entre a remuneração paga pelos bancos sobre os recursos capitados e quanto cobram nas operações de crédito.
Em abril deste ano, “spread” nas operações com pessoas físicas somava 57,5 pontos percentuais. Em maio, avançou para 58,7 pontos percentuais. Deste modo, o spread continua em um patamar historicamente elevado. Em doze meses, houve um forte aumento de 14,4 pontos percentuais.
O “spread” é composto pelo lucro dos bancos, pela taxa de inadimplência, por custos administrativos, pelos depósitos compulsórios (que são mantidos no Banco Central) e pelos tributos cobrados pelo governo federal, entre outros.
Fonte: G1