Nesta fase, em que compromissos financeiros caros, como aquisição de imóveis e carros, muita gente não está conseguindo pagar as contas
Os efeitos da crise econômica atingem mais duramente quem tem entre trinta e quarenta anos de idade. Mais da metade dessa fatia da população está com as contas atrasadas.
Ajustar o orçamento às obrigações é um exercício mensal para o motorista Cleber da Silva: “Aluguel, água, luz, todas as contas normais, ne? Tem meses que dá um atraso, mas tem outros meses que dá para colocar tudo em dia”.
E para William dos Santos, que é gerente predial e tem 32 anos, não é diferente: “Se não administrar bem, vai faltar”.
E a melhor maneira para não se perder nos números, o advogado Vagner Osti, de 33 anos ensina: “Eu tenho uma planilha, sei todas as minhas receitas, todas as minhas despesas”.
A auxiliar de enfermagem Sueli Fonseca, de 36 anos, também cuida para não se perder: “Tudo o que eu vou fazer, tem que ser na ponta do lápis. Aí, vou lá no caderninho e vejo quanto gastei, se vai sobrar alguma coisa para não estourar, né?”.
Já a copeira Gildete Silva, não conseguiu controlar. Teve problemas em família e se viu em dificuldade financeira, com contas atrasadas e dívida. “É horrivel. Mas você não tem como pagar, né?”.
A maior parte dos inadimplentes tem entre 30 e 39 anos de idade. É uma fase da vida em que as pessoas assumem muitos compromissos que custam caro: financiamento da casa, do carro, escola dos filhos. E nem todo mundo consegue manter as contas em dia. Metade da população nessa fixa etária terminou o primeiro semestre com o nome na lista de devedores.
Em junho, a inadimplência aumentou 3,21% em relação ao mesmo período de 2015. A expectativa é que o indicador ainda demore para dar sinais de melhora, como prevê a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti: “A gente só vai ver uma melhora efetiva quando o mercado de trabalho de fato mostrar uma melhora também. Então, isso demora um pouquinho mais. Por quê? O mercado de trabalho só vai melhorar depois que a confiança dos empresários tiver uma melhora mais sólida”.
Fonte: G1