Com a maior rigidez para a concessão de crédito, comprar algum produto ou serviço pode ficar ainda mais difícil com menos dinheiro no bolso. Um levantamento nacional feito pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) mostra que os serviços e produtos que os brasileiros mais tem vontade de adquirir para ficar mais bonito, mas que não compram por limitação financeira são o clareamento dentário (21,0%) e a compra de roupas, calçados e acessórios (16,4%), especialmente entre as pessoas das classes C, D e E e residentes no interior.
A pesquisa também procurou saber quais são os produtos ou serviços que os brasileiros têm a intenção de adquirir para ficar mais bonito nos próximos três meses e constatou que os cosméticos estão em primeiro lugar do ranking, com mais da metade das citações (50,7%), seguidos pelas roupas, calçados e acessórios (43,9%) e pelos cuidados com o cabelo, unha, barba e pelos (42,3%). Outras opções ainda mencionadas foram tratamentos odontológicos (24,4%), maquiagens (20,9%) e remédios e vitaminas (19,0%).
Já com relação aos tratamentos de maior valor financeiro e de maior complexidade que os entrevistados têm a intenção de realizar pelos próximos 12 meses, os mais mencionados são clareamento dentário (20,9%), aparelho para correção nos dentes (14,8%) e a aplicação de porcelana nos dentes (10,4%).
Para identificar o potencial de consumo no mercado de beleza, o estudo levantou os itens mais utilizados entre os consumidores entrevistados e os dividiu em cinco categorias. Segundo a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, a análise permite construir um cenário mais preciso sobre os hábitos do consumidor em relação aos diversos produtos e serviços típicos do segmento de beleza e estética. “O levantamento pode ser bastante útil para os empreendedores que desejam investir, diversificando ou ampliando sua atuação neste mercado”, afirma.
- Cosméticos e maquiagem: ticket médio de R$ 101
Entre os cosméticos mais utilizados no dia a dia pelos entrevistados estão o shampoo (75,2%), colônias e/ou perfumes (67,6%), condicionador (49,1%) e protetor solar (38,0%).
As compras destes produtos são feitas principalmente com revendedores de cosméticos (53,2%), em supermercados e/ou hipermercados (45,7%) e farmácias e drogarias (40,5%).
O gasto médio com produtos desse segmento é de R$ 101 por mês.
- Cuidados com os cabelos, barba e unha: ticket médio de R$ 78
Fazer as unhas é o serviço mais utilizado do segmento (46,8%), seguido por hidratação capilar (35,7%) e depilação (34,2%). Os serviços mais complexos, como no caso de luzes (85,6%) e progressiva (81,3%) são os mais realizados com profissionais, tanto em casa quanto em espaços apropriados, seja por demandar maior qualificação dos especialistas que irão executar ou até mesmo pelas consequências que um serviço mal executado pode causar. A pesquisa ressalta também que milhões de brasileiros nunca realizaram vários destes procedimentos, como é o caso do design de sobrancelhas (63,1%), mechas (62,9%) e do alisamento/progressiva (61,2%).
“A profissionalização é extremamente importante para aqueles que oferecem esses serviços. Os especialistas devem buscar, constantemente, o aprimoramento da técnica e a excelência no atendimento, bem como a incorporação de novos serviços que agreguem valor ao negócio e a adoção de uma política de preços atrativa, a fim de despertar o interesse de um número cada vez maior de consumidores”, indica Kawauti. Para a economista, vale a pena investir em recursos e estratégias para fazer deste local um espaço cada vez mais agradável, a fim de conquistar e fidelizar os consumidores.
A média de gasto mensal com esses serviços é de R$ 78,00.
- Cuidados com rosto e corpo: ticket médio mensal de R$ 90
O levantamento mostrou que na categoria “cuidados com rosto e corpo”, os serviços mais utilizados, independente da frequência com que são feitos são a limpeza de pele (41,2%, aumentando para 55,7% entre as mulheres) e a academia (33,1%).
Grande parte dos tratamentos investigados ainda não têm uma utilização significativa entre os entrevistados: dos nove tratamentos e serviços pesquisados, seis nunca foram feitos por pelo menos 65% da amostra, principalmente peelings químicos (89,3%), drenagem linfática (89,1%), tratamentos para rugas e linhas de expressão (88,2%) e tratamentos para gordura localizada e celulite (88,2%).
O gasto médio mensal com os tratamentos estéticos não invasivos é de R$ 90,00 e os locais mais procurados para a aquisição destes serviços são salões de beleza (59,9%), academias (28%) e clínicas especializadas (18,2%).
- Cuidados médicos, remédios e tratamentos invasivos
Os resultados mostram que não é muito significativo o percentual de entrevistados que já fizeram algum tratamento invasivo, sendo os mais usuais o clareamento dentário (26,5%), uso de remédios para emagrecer (23,3%) e porcelana nos dentes (12,2%), além de cirurgias plásticas variadas. O principal impedimento para a realização dos procedimentos desejados é a falta de dinheiro (74,3%), principalmente entre os mais jovens e pessoas da classe C.
Entre os entrevistados que já fizeram algum procedimento invasivo, 84,7% comentaram com conhecidos o que fizeram, principalmente porque não veem problemas em contar. Entre os serviços que ainda não fizeram mas têm vontade estão o clareamento nos dentes (47,5%), depilação definitiva (38,0%) e porcelana nos dentes / coroa dentária (33,9%).
- Vestuário: ticket mensal de R$ 275
Entre os itens de vestuários mais comprados pelos brasileiros pensando em ficar mais bonitos, as roupas (87,3%), calçados (72,2%) e acessórios (50,1%) são os mais citados. De acordo com o levantamento, os locais onde os entrevistados mais compram estes produtos são: revendedores de cosméticos (37,6%), lojas de departamento (28,8%) e supermercados (26,2%).
O gasto médio no mês anterior à pesquisa com estes itens foi de R$ 222 e maior entre as classes A e B (R$ 275).
Para a economista Marcela Kawauti, a pesquisa evidencia boas oportunidades de investimento em categorias não apenas com itens financeiramente mais acessíveis, mas também de tratamentos invasivos e procedimentos cirúrgicos, que possuem um custo superior. “Para o mercado, este é um sinal de que é preciso pensar em estratégias financeiras que possam aproximar os consumidores aos produtos e serviços que eles desejam adquirir e que, frequentemente, não o fazem por falta de alternativas e de dinheiro”, conclui.
Fonte: CNDL