Com consumidor receoso, retomada em bens duráveis só deve vir em 2018

21 de julho de 2016

Um dos ramos varejistas que mais têm sofrido com a recessão deve ser também um dos últimos a retomar fôlego

eletrosPela forte dependência de crédito e por envolver produtos de ‘segunda necessidade’, o setor de bens duráveis é um dos que mais têm sofrido com a crise. Para este ano a previsão é de uma queda no faturamento da ordem de R$ 3 bilhões. A perspectiva é de uma recuperação só em 2018.

Os dados são do estudo ‘Comportamento de Compra de Bens Duráveis e Perspectivas em Tempos de Crise’, divulgado ontem pela consultoria GfK em parceria com o grupo Eletrolar. Segundo o levantamento, o volume de vendas nos cinco primeiros meses deste ano caiu para R$ 35 bilhões, contra os R$ 38 bilhões registrados em 2015.

Para a soma do ano, a previsão é de um faturamento de R$ 75,7 bilhões – cerca de R$ 3 bilhões inferior ao do ano passado. A expectativa em relação ao ano que vem é ainda mais pessimista e o setor deve faturar R$ 73 bilhões. “Em 2017 devemos retroceder ao mesmo patamar de 2012”, afirma o diretor da área de tecnologia da consultoria GfK, Oliver Römerscheidt.

Se comprovadas as previsões da empresa, os resultados devem fazer com que o Brasil perca participação de mercado dentro da América Latina, movimento esse que já vem se consolidando desde o ano passado, quando o market share do País na região caiu de 52%, em 2014, para 43%, um ano depois. A expectativa é que essa participação caia ainda mais, para 40% ao final de 2016.

Em relação aos resultados de janeiro a maio deste ano, o executivo pondera que a demanda sofreu uma forte retração, mas que em decorrência do aumento dos preços dos produtos – em grande medida influenciado pela alta do dólar – o faturamento não sofreu tanto. Enquanto o número de unidades vendidas teve queda de 24% no período e na comparação interanual, o faturamento retraiu 9%. Já o preço dos produtos teve alta de cerca de 20%.

No primeiro quesito, as categorias que apresentaram os piores resultados foram informática, com queda de 33%; telecomunicações, que recuou 28%; e ar condicionado, que retraiu 26% (veja os dados das demais categorias no gráfico ao lado). Apesar da forte queda nas unidades vendidas, o faturamento do setor de informática teve queda de 24%, enquanto o de telecomunicações cresceu 1% no período.

“O segmento de Telecom cresceu em faturamento pela forte alta nos preços dos produtos, que no setor foi de cerca de 40%”, afirmou o executivo em coletiva na feira Eletrolar Show, que termina amanhã (21), na capital paulista.

Parcelamento

Diante desse cenário e da dificuldade cada vez maior em se conseguir crédito com instituições financeiras, a saída que o varejo parece ter encontrado para atrair esse consumidor cada vez mais relutante em gastar com eletroeletrônicos é aumentar o prazo de pagamentos para as compras.

Para se ter uma ideia, em maio do ano passado o participação dos anúncios de vendas que ofereciam prazos de pagamento acima de 12 meses representava 24% do total. Um ano depois, esse valor subiu para 33%. “O varejo percebeu que para ter sucesso tinha que ser agressivo em relação ao crédito”, afirma Römerscheidt.

Assim, os varejistas começaram o ano oferecendo um número grande de produtos com prazo acima de 12 meses, mas retomaram ao patamar do ano passado no mês de março, para dois meses depois voltarem a investir nessa estratégia.

De acordo com o executivo da GfK essa oscilação mostra que os varejistas perceberam a importância da flexibilidade no pagamento para atrair os consumidores.

Mesmo com as ações, o setor como um todo deve se manter em queda ainda por um bom tempo. “Acredito que só devemos enxergar uma recuperação mesmo em 2018, mas a partir do segundo semestre de 2017 devemos ver sinais de melhoria”, afirma.

Fonte: DCI online