Nível de confiança entre micro e pequenos empresários atinge maior patamar em 15 meses. Mesmo com retrospecto ruim, 52% têm boas expectativas com a economia para os próximos seis meses
O Indicador de Confiança da Micro e Pequena Empresa (ICMPE) calculado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) cresceu 12,2% em agosto na comparação com julho deste ano, alcançando 50,17 pontos na escala. Trata-se do quarto mês consecutivo que o indicador apresenta uma melhora em relação ao mês anterior. Além disso, foi a primeira vez desde maio de 2015, início da série histórica, que o indicador superou o nível neutro de 50 pontos – o termômetro do indicador varia de zero a 100, sendo que quanto mais próximo de 100, mais confiantes estão os empresários.
Para o presidente da CNDL, Honório Pinheiro, “o reestabelecimento da confiança dos agentes econômicos é uma notícia a ser comemorada, mas os seus efeitos sobre as variáveis reais devem ser de uma recuperação lenta, demorada e que precisa ser confirmada daqui para frente. Isso, no entanto, dependerá dos rumos da política econômica adotada pelo novo governo efetivado apenas recentemente no cargo e de um cenário político mais estável e de convergência. Este é um passo importante para a retomada do crescimento, uma vez que as dificuldades persistem. Afinal, a decisão de investir depende fundamentalmente da expectativa que o empresário tem em alcançar lucros e expandir seus negócios”, afirma Pinheiro.
O Indicador de Confiança é composto pelo Indicador de Condições Gerais e pelo Indicador de Expectativas. Por meio da avaliação das condições gerais, busca-se medir a percepção dos micro e pequenos varejistas e empresários de serviços sobre os últimos seis meses. Já através das expectativas, busca-se medir o que se espera para os próximos seis meses.
Indicador de Condições Gerais cresce para 31,58 pontos
O Indicador de Condições Gerais, que avalia a percepção do micro e pequeno empresariado sobre o desempenho de suas empresas e da economia brasileira nos últimos seis meses, também reagiu, passando de 25,53 pontos em julho para 31,58 pontos na escala no último mês de agosto. Apesar do número persistir abaixo do nível neutro de 50 pontos, o que significa que para a maioria dos micro e pequenos empresários a situação econômica do país e de suas empresas apresentou piora nos últimos meses, o índice verificado em agosto é o maior em 15 meses de série histórica. “O dado reflete o fato de que alguns indicadores econômicos, como inadimplência e faturamento, mostraram moderação no ritmo de queda, reforçando a ideia de que a saída da crise ainda está distante e será lenta, mas que o ritmo de piora das condições econômica pode ter sido estancado”, afirma a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.
Em termos percentuais, sete em cada dez (71,25%) micro e pequenos empresários consideram que a economia piorou nos últimos seis meses – número expressivo, porém o menor desde o início da série. Com percepção oposta, 11,13% consideram ter havido melhora. Em se tratando exclusivamente sobre o desempenho dos seus negócios, 53,0% dizem ter percebido piora nos últimos seis meses, contra 14,4% que notaram melhora. Para aqueles que consideram ter havido piora dos negócios, a crise está na raiz das dificuldades: 70,5% dizem que, por causa dela, suas vendas diminuíram. O aumento dos custos também pesa, citado por 14,4%. A inadimplência foi mencionada por 6,4%.
Expectativas têm melhora resultado em 15 meses
Mesmo com um retrospecto pessimista, os micro e pequenos varejistas e prestadores de serviços nutrem alguma esperança com relação ao futuro. Exemplo disso é que o Indicador de Expectativas avançou de 59,11 pontos em julho para 64,11 pontos em agosto – novamente o resultado mais expressivo em 15 meses de série histórica e acima do nível neutro de 50 pontos.
De acordo com o levantamento, mais da metade (52,5%) dos micro e pequenos empresários manifestaram otimismo com os próximos seis meses da economia – os pessimistas representam apenas 18,75%. Quando levada em consideração apenas as expectativas sobre o seu próprio negócio, a proporção de otimistas sobe para 64,4%, puxando o percentual de pessimistas para apenas 9,75%. Para efeito de comparação, em junho de 2015, a proporção de empresários pessimistas com os rumos de seu negócio era de 31,4%.
Empresários esperam fim da crise política e aumento das vendas
A maior parte dos empresários otimistas com a economia não sabe, porém, explicar suas razões: dizem apenas acreditar que as coisas irão ser resolvidas de alguma maneira (35,2%). Há também os que mencionam a resolução da crise política (21,0%), e os que acreditam que a inflação será controlada e o país retomará a rota de crescimento (18,3%).
Entre os que manifestam otimismo com relação ao seu negócio, a razão predominante é o sentimento sem uma explicação racional aparente de que as coisas serão resolvidas no final das contas (27,6%), seguida de perto pela expectativa de que a economia irá melhorar, com recuo da inflação, aumento das vagas de emprego e das vendas (27,4%). Outras explicações ainda citadas são o fato desses empresários estarem investindo para reverter a crise (15,7%) e adotarem uma gestão eficiente para suportar o momento de turbulência (15,5%).
Outra constatação positiva apontada pelo levantamento é que cresceu o número de empresários que esperam aumento do seu faturamento. Para quase a metade deles (47,6%), as receitas irão crescer nos próximos seis meses. Apenas 9,1% esperam uma queda. O que justifica a expectativa de
melhora do faturamento é, em primeiro lugar, a busca de novas estratégias de venda (27,6%). Já para aqueles que acreditam que haverá queda das receitas, a crise aparece como a principal razão, mencionada por 38,4% desses empresários.
Fonte: CNDL