Atualmente 15 milhões de pessoas têm planos de aposentadoria privada – um número bem abaixo do INSS, que abarca 55 milhões de pessoas
As discussões sobre a reforma da previdência e a possível aprovação das mudanças pode favorecer a indústria de previdência privada no Brasil. “Essa discussão evidentemente aumenta a conscientização da população e a educação financeira e tudo isso é importante para fortalecer a indústria”, disse Nelson Katz, diretor de Planejamento e Controle da Brasilprev.
As estimativas indicam que cerca de 15 milhões de pessoas têm planos de aposentadoria privada no Brasil. “Se considerarmos a quantidade de pessoas no INSS, de cerca de 55 milhões, ou o total da população economicamente ativa, que gira em torno de 100 milhões, então entendemos que há espaço para crescer”, afirma Katz.
Nesta quinta-feira (23/02), a Brasilprev divulgou seu balanço com os resultados alcançados em 2016. A empresa de previdência privada do Banco do Brasil registrou lucro líquido ajustado de R$ 1,009 bilhão em 2016, um crescimento de 17,2% ante os R$ 860,8 milhões reportados no ano anterior. O lucro líquido, contudo, caiu 26%, para R$ 855,6 milhões. “Em 2015, tivemos um lucro extraordinário por causa de uma mudança regulatória que nos permitiu liberar reservas. E em 2016, por outro lado, os acionistas tomaram uma decisão de distribuir os juros sobre capital próprio, como uma forma de repassar os lucros aos acionistas, o que teve um efeito contábil negativo em 2016”, explica Katz.
Em 2016, a empresa cresceu 33% em ativos sob gestão, terminando o ano com R$ 199,1 bilhões. Já a captação líquida aumentou 25,6% no ano passado, na comparação com 2015, para R$ 28,5 bilhões. Nesses dois indicadores, a Brasilprev é líder de mercado, ressaltou Nelson Katz. Em captação líquida, a empresa obteve 50,5% de participação de mercado em 2016, mantendo a primeira posição desde 2008. Em ativos totais sob gestão, a Brasilprev é a maior empresa do ramo desde 2013, tendo alcançado market share de 30,1% no ano passado.
Entre os produtos oferecidos, o Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL) foi o que mais cresceu. A arrecadação nessa modalidade aumentou 30,7%, para R$ 44,6 bilhões. Já o Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL) teve incremento mais modesto, de 0,3%, para R$ 2,6 bilhões. “A companhia tem crescido mais no VGBL nos últimos anos, e acredito que o motivo seja porque ele traz um benefício fiscal para quem faz a declaração de imposto de renda no modelo completo”, diz Katz.
Além da maior conscientização e educação financeira no país, um obstáculo ao crescimento da indústria de previdência privada é a regulação, avaliou Katz. Segundo ele, o setor espera ainda que a Superintendência de Seguros Privados (Susep) regulamente e coloque em prática a resolução número 4.444 do Banco Central. “Isso trará à indústria a possibilidade de diversificar seus produtos”, explica.
Entre as mudanças que esta resolução permite, estão a possibilidade de criar produtos com 100% de exposição à renda variável (atualmente, o máximo é de 49%), a elevação do limite para investimento em produtos imobiliários e a permissão de aplicação de 10% do total do fundo em investimentos no exterior. “Com isso, poderemos desenvolver produtos adequados para atender diferentes perfis de clientes”, explica Katz.
Fonte: Época Negócios