63% dos consumidores planejam cortar os gastos em abril. Cartão de crédito é a modalidade mais utilizada em fevereiro
O novo Indicador de Uso de Crédito e de Propensão ao Consumo, calculado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL), aponta que somente 15% dos consumidores disseram ter ficado no azul em março, com sobra de dinheiro, sendo que 12% pretendem poupar a sobra e 4% pretendem gastar o dinheiro extra. Os dados mostram que 46% ficaram no “zero a zero”, garantindo não ter sobra nem falta de dinheiro no mês. O dado mais alarmante mostra que quase um terço dos entrevistados (32%) está no vermelho, sem conseguir pagar todas as contas.
Segundo especialistas do SPC Brasil, é preocupante o grande número de entrevistados que afirmou estar em vermelho ou mesmo no zero a zero. “Tal situação pode ter sido agravada pela crise, mas sofre influência também da falta de planejamento do orçamento pessoal. Organizar as finanças de forma que seja possível a formação de uma reserva para lidar com os imprevistos e emergências é essencial para que haja tranquilidade, e pode evitar o endividamento em momentos de maior dificuldade financeira”, afirma a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.
O Indicador mostra ainda que 63% dos consumidores planejam cortar os gastos totais em abril, incluindo itens como supermercado, água, luz, telefone, transporte, roupas e lazer. Tal intenção de reduzir gastos é justificada por 23% dos entrevistados com o fato de estarem sempre tentando economizar. Porém, a crise econômica também tem sua influência sobre os respondentes: 18% pretendem realizar cortes porque os preços estão muito elevados, e 14% tiveram redução da renda ou dos ganhos.
Pouco menos de um terço dos entrevistados (28%) afirmaram que pretendem manter o mesmo nível de gastos e apenas 7% manifestaram a intenção de aumentar. Excluindo itens de supermercado, na lista dos produtos que os consumidores planejam comprar no mês de abril, os itens de farmácia aparecem em primeiro lugar, citados por 29%. Em seguida, aparecem a recarga de celular (25%), roupas, calçados e acessórios (22%), perfumes e cosméticos (17%) e os materiais de construção, citados por 10%.
Para o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior, a conjuntura econômica começa a mostrar sinais de recuperação. “Com os preços mais controlados e uma redução na restrição ao crédito, é de se esperar que o consumo se recupere aos poucos. A inflação tem começado a ceder e, com isso, a queda nas taxas de juros deve se manter nos próximos meses”, afirma Pellizaro. “É de grande importância que o consumidor, diante deste cenário de recuperação econômica, aproveite para se organizar na formação de uma reserva e consuma com cautela, buscando evitar o endividamento e propiciando para sua família uma vida financeira saudável e sustentável.”
Cartão de crédito é a modalidade de crédito mais utilizada
O estudo também busca medir, numa escala de zero a 100, a utilização das principais modalidades de crédito pelos consumidores no mês anterior à pesquisa, sendo considerados empréstimos bancários, financiamentos, cartões de crédito, de loja, crediários, e limite do cheque especial. Quanto mais próximo de 100 estiver o indicador, maior o uso do crédito; quanto mais distante, menor o uso. Em março, foram registrados 24,6 pontos, abaixo dos 27,9 pontos de fevereiro.
Em termos percentuais, 37% dos consumidores disseram ter utilizado algum tipo de crédito em fevereiro, sendo que o cartão de crédito foi a modalidade mais utilizada pela maioria (31%, com gasto médio de R$ 902,74), seguido de cartão de loja e crediário (14%, com gasto médio de R$ 354,50) e limite do cheque especial (7%). Houve também utilização de empréstimos (5%) e financiamentos (4%), modalidades com critérios de concessão mais rigorosos.
Entre os consumidores que fizeram uso do cartão de crédito em fevereiro, 38% relataram aumento do valor da fatura, enquanto para 37% o valor permaneceu o mesmo e para 19% houve diminuição. Os itens de supermercado lideraram a lista de bens comprados, citados por mais da metade desses entrevistados (62%). Em seguida, 47% mencionaram a compra de remédios e itens de farmácias.
No caso do crediário ou cartão de loja, as roupas, calçados e acessórios lideraram a lista, citadas por 49%. Já entre os que possuem financiamentos, 30% utilizaram para comprar carro, 12% para eletrônicos, 12% para eletrodomésticos, 11% para faculdade, 10% para apartamento e 10% para casa.
“Antes de utilizar qualquer tipo de crédito, é importante avaliar se a compra é mesmo necessária e se não é possível aguardar para juntar o valor, levando o item à vista. Caso a compra seja inadiável, o consumidor deve buscar informação sobre as taxas de juros e verificar se as parcelas caberão em seu orçamento”, afirma a economista-chefe.
Fonte: CNDL