Indicador atinge 11,3 pontos em julho. Desconfiança diante da crise é a principal razão para 30% dos MPEs que não irão investir em seus negócios
O segundo semestre iniciou e os micro e pequenos empresários seguem retraídos na busca por crédito. De acordo com dados apurados pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes (CNDL), a demanda por crédito das micro e pequenas empresas (MPEs) atingiu 11,3 pontos em julho, uma queda após os 15,2 pontos registrados em junho. Quanto mais próximo de 100, maior é a probabilidade de os empresários procurarem crédito e quanto mais próximo de zero, menos propensos eles estão para tomar recursos emprestados.
Expressivos 86% dos MPEs afirmam não ter a intenção de tomar crédito, ante apenas 6% que manifestaram essa intenção. Entre aqueles que não pretendem tomar crédito, 43% dizem conseguir manter o negócio com recursos próprios. Esses empresários mencionam, ainda, a insegurança com as condições econômicas do país (20%) e as altas taxas de juros (17%).
Pouco mais de um terço dos micro e pequenos empresários (34%) consideram difícil o processo de contratação de crédito, contra 25% que avaliam como fácil. Entre os que consideram difícil, o excesso de burocracia e as exigência dos bancos são o principal entrave, mencionado por 46% desses empresários. Em segundo lugar aparecem as taxas de juros elevadas (36%). A contratação de empréstimo (25%) e financiamento (20%) em instituições financeiras são os tipos de crédito mais difíceis de ser contratado – para 14% é o crédito junto a fornecedores. Por outro lado, uma fatia importante considera fácil (25%), sendo o bom relacionamento com o banco a principal razão (46%).
Para o presidente da CNDL, Honório Pinheiro, o dado sugere uma barreira entre as micro e pequenas empresas, que nem sempre veem no crédito um meio para se expandir ou, se veem, têm a percepção de que o processo pode ser demorado, burocrático e custoso. “Em face das dificuldades relatadas por esses empresários, políticas que forneçam informações e orientação sobre o processo de contratação de crédito e sobre a forma como convém usá-lo pode ser uma forma de fomentar o crescimento e o financiamento dessas empresas”, afirma.
Indicador de Intenção de Investimento atinge 27,7 pontos em julho
O micro e pequeno empresariado brasileiro também tem se mostrado pouco interessado em realizar investimentos em seus negócios. O indicador de propensão a investir registrou 27,7 pontos em julho, pouco acima dos 26,6 pontos observado em junho, o que configura estabilidade dentro da margem considerada pelo estudo. O indicador também leva em consideração uma escala que varia de zero a 100, sendo que quanto mais próximo de 100, mais o empresário tende a realizar investimentos.
Em termos percentuais, 67% dos micro e pequenos empresários não pretendem investir nos próximos três meses, sendo uma das principais razões a desconfiança diante da crise (30%). Além desses, 40% disseram não ver necessidade de investir, 12% investiram recentemente.
Aumento das vendas é o principal objetivo entre os que irão investir
Mesmo diante de uma cenário ainda difícil, pouco mais de um quinto dos empresários (23%) sondados disseram que pretendem fazer algum investimento nos próximos 90 dias. Entre essa parcela minoritária de empresários, a principal motivação para investir é aumentar as vendas, mencionada por 62% desses empresários. Também são citadas a necessidade de atender ao aumento da demanda (9%) e de adaptar a empresa a uma nova tecnologia (8%). Os investimentos prioritários serão ampliação de estoque (38%), reforma da empresa (30%), compra de equipamentos (24%), investimentos em comunicação e propaganda (24%), e ampliação do portfólio (15%).
Considerando os empresários que planejam investir, a maior parte irá recorrer ao capital próprio guardado na forma de aplicações ou investimentos (57%), ou resultante da venda de algum bem (10%). Há ainda 17% que mencionam o empréstimo em bancos e financeiras.
Fonte: CNDL