Adotando um bichinho você economiza e ainda dá um lar a um animal abandonado. Veja como fazer isso e também como não gastar demais ao cuidar de um pet
Animal de estimação não é item de consumo. Não se deve comprar um bichinho porque a raça está na moda ou por impulso. Aliás, não é preciso sequer comprar. Graças ao trabalho de ONGs que resgatam cachorros e gatos abandonados em situações de rua ou de maus tratos, basta adotar. É de graça!
Mais do que atender a um desejo pessoal, levar para casa um companheiro que estava em abrigo é um gesto nobre. Você oferece lar, comida e, mais do que tudo, amor. E com a enorme demanda nas ONGs, lotadas de bichinhos, ao adotar você abre outra vaga para que outro animal seja resgatado e recuperado – o que não acontece no caso de uma compra.
Entenda os processos para adotar um pet, os cuidados que deve ter e, por fim, como economizar no trato de seu novo melhor-amigo!
É possível escolher
Os locais com cachorros e gatos à espera de um novo lar permitem, sim, decidir pelo que mais te agrada. “Comprar com pedigree não é certificado de saúde, inteligência ou bom comportamento”, explica a veterinária Tamara Crusco. Além disso, analisar estrutura dental e coloração dos pelos pode ajudar a estimar a idade e, com isso, o quanto o animal ainda pode crescer. Dessa forma você consegue estimar qual o tamanho que ficará o animal, mesmo que ele não tenha uma raça definida. Ou seja, a ideia de que não se adota com medo do tamanho que o animal pode vir a ter não passa de desculpa.
Mais resistentes, menos custosos
Como a maioria dos integrantes de abrigo é SRD (Sem Raça Definida), o famoso vira-lata, o animal adotado costuma apresentar maior resistência a doenças. Segundo Vicente Define Neto, diretor da ONG Cão Sem Dono, “porque passam por diversas situações na rua, acabam criando mais anticorpos, são sobreviventes”. Ao contrário de raças “da moda”, extremamente caras, que possuem determinadas enfermidades e problemas de saúde congênitos, “e necessitam de cuidados especiais, gastos que muitos não lembram de contabilizar”, completa.
Ele chega pronto para ser amado – e só
ONGs sérias entregam os animais, no mínimo, castrados, vacinados e bem cuidados. No Cão Sem Dono, vermifugado também. Na Adote Um Gatinho, com exames de Aids e leucemia. “É o mínimo que podemos fazer, especialmente a castração, para ter certeza de que o que aconteceu lá trás, uma cria indevida e que gera aumento de população, não aconteça de novo”, explica a fundadora da ONG, Juliana Bussab.
Ao adotar, fique de olho
Na hora da adoção, ao conhecer os animais no local, observe se está com uma boa energia. Veja se o bicho está com o pelo limpo e a gengiva rosinha, sinais de saúde. E, assim que o retirar do abrigo (quando não for o caso de entregarem na sua casa), vale passar direto em um veterinário, mesmo com a garantia da ONG. “Não custa nada. Lá você faz todos os testes e checa se falta alguma vacina, aprende quais as próximas, tira dúvidas e fica com todas as informações sobre o seu bichinho”, explica Tamara. Além disso, inicia a importante relação com o profissional a quem recorrerá muitas vezes.
Você também passa por uma avaliação
As ONGs criaram processos de adoção para garantir que as pessoas querem mesmo um animal – e não estão adotando por modismo ou fase da vida. Em instituições sérias, você não escapa de perguntas sobre as suas condições socioeconômicas, a infraestrutura da casa, sua experiência com pets, expectativas e noções da responsabilidade que ter um serzinho desses implica. “É uma forma de se precaver, saber se a pessoa terá o mínimo de cuidado e de condições”, explica Juliana Bussab, da Adote Um Gatinho.
Um investimento mais de amor do que de dinheiro
Sim, ter um bicho custa dinheiro. É preciso estar ciente disso. No entanto, basta bom senso para não gastar mais do que o necessário. “A pessoa deve estar preparada para um compromisso sério durante muitos anos, mas ninguém está dizendo que precisa ser milionário para adotar, pelo contrário”, diz Juliana. Mandela, um gato adotado pela psicóloga Marcela B. Camara, veio castrado e com as vacinas tomadas. O maior custo foi colocar tela de proteção na sacada, requisito indispensável em apartamentos.
Quanto sai, afinal, ter um bichinho?
O valor médio de gasto mensal com o animal pode variar bastante de acordo com o bichano, sua raça (mesmo que seja vira-lata), seu porte, as marcas dos produtos e os serviços priorizados. Para economizar e não gastar mais do que o necessário, é preciso se organizar. Veja cinco dicas:
- Você pode tentar dar banho no seu cão em casa. Certifique-se apenas de secá-lo muito bem! Caso o animal seja muito grande e peludo e você não tenha espaço para dar o banho em casa, procure levar ao pet shop a cada duas semanas e não semanalmente. Penteá-lo com regularidade contribui para que o animal não fique tão sujo.
- Caminhas, roupinhas e diversão você resolve com criatividade.
- Para medicamentos, vermífugos e antipulgas, busque entender as especificidades do seu bichano e estabelecer uma periodicidade razoável ao bolso e em concordância com o veterinário. Como vermífugos e antipulgas devem ser dados com uma periodicidade específica você consegue se planejar financeiramente para essa despesa, economizando nos meses anteriores.
- Você não deve economizar na quantidade e nem na qualidade da ração. Mas, para não dar a mais – um erro bastante comum – veja na embalagem da ração a porção indicada para o porte do seu cão. Segundo a veterinária Tamara Crusco, “é o que faz a diferença para o animal crescer forte e saudável”. Escolha um tipo adequado ao tamanho e idade do bicho. Comprar em grandes quantidades sai mais barato.
- E se ele ficar doente? Uma sugestão é começar uma poupança, para emergências, tratamento e possíveis cirurgias. Assim sua conta bancária não sofre tanto em caso do bichinho ter um problema de saúde. Que tal R$50 por mês? Programe no banco uma transferência automática para assim que seu salário cair na conta, dessa forma esquece que o dinheiro está lá e só usa o valor se necessário.
Antes de todo esse preparo, no entanto, é fundamental que você levante todos os seus gastos para ver se de fato tem condições financeiras de adotar um cão ou gato. Nosso Simulador Diagnóstico Financeiro ajuda com este levantamento.
O passo a passo para adotar um pet
1) Vá a um Centro de Zoonose ou a uma ONG – Conheça a realidade dos abrigados, loucos por um lar, para te convencer de vez. Antes, cheque informações e regras.
2) Entre no processo de adoção – Escolhido o bichano, responda ao questionário, apresente os documentos e, se aprovado, aprenda como receber o pet.
3) Prepare o básico – Separe: um pote com água e outro com ração; espaço ou cama para dormir; coleira – e guia, para o passeio dos caninos – e caixa de areia e areia – no caso dos felinos. E, finalmente, receba o novo membro da família e o pessoal da ONG ou Zoonose com carinho e atenção para a vistoria e as orientações.