Tema é um dos principais norteadores da cúpula da ONU que será realizada em junho
Paulo Itacarambi, do Instituto Ethos, que vai propor questionamentos sobre a economia verde
Será que a economia verde, proposta da ONU para funcionar como início de diálogo na Conferência Rio+20, conseguirá realmente reduzir a pobreza? Ou será um mecanismo de continuação de dominação dos países ricos através do uso da tecnologia? A provocação vai ser o mote da Conferência Internacional do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, que entre outros vai trazer o economista Pavan Sukhdev para dar palestra sobre o tema. O evento vai acontecer de 11 a 13 de junho, no Hotel Transamérica em São Paulo, com o título: “A empresa e nova economia. O que muda com a Rio+20?”. Segundo o vice-presidente do órgão, Paulo Itacarambi, a data foi escolhida de propósito para ser bem perto da Conferência da ONU:
– — O Ethos está trabalhando este ano todo para avançar nos debates por uma nova economia verde, includente e responsável, e queremos aproveitar a Rio+20 para incluir as empresas cada vez mais. Os empresários que participarem da nossa conferência estarão mais bem preparadas para participar ativamente da Rio+20, como deve ser. Afinal, ou as empresas entram nesse jogo ou não tem mudança nenhuma. E há muitas criticas sobre esse termo economia verde — disse ele.
Itacarambi lembrou que na Rio-92 a participação empresarial não foi muito intensa. Lá foi criado o World Business Council for Sustainable Development (WBCSD), que aqui no Brasil se transformou em Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (Cebds), mas as empresas não chegaram a ser ouvidas como pretendem agora. A ideia, durante o encontro do Ethos, é realizar oficinas que levantem sugestões para os dez temas colocados como prioritários pela ONU na Rio+20 (entre eles oceanos, cidades sustentáveis, ideias sobre objetivos para o desenvolvimento sustentável, empregos verdes, inclusão social). Essas sugestões serão levadas para o espaço de diálogos do desenvolvimento sustentável que o governo brasileiro criou na Rio+20:
– — Teremos um elenco de peso para ajudar os grandes debates de temas que são estruturantes da nova economia. Começaremos a conferência com o embaixador Andre Correa do Lago discutindo sobre os resultados que se espera da Rio+20 e como eles podem impactar a governança global e as economias nacionais e globais. Para debater com ele, traremos o presidente do BNDES, Luciano Coutinho — disse Itacarambi.
Como para se ter uma nova economia será preciso ter também novos modelos de negócios, o criador da expressão triple bottom line, o britânico John Elkington, vai ter espaço no encontro, que espera reunir no mínimo mil pessoas. Outro debate importante que terá lugar na Conferência é a respeito da desindustrialização da economia brasileira. Segundo Itacarambi, isso vai colocando o Brasil num papel de fornecedor de matéria prima na economia mundial.
– — A pergunta é: isso é bom para o país? Ou deveríamos ter outro papel, como desenvolvedores da economia liderança, ter liderança na economia verde por causa do nosso capital natural? Para discutir isso vamos trazer Joseluis Samaniego, um dos diretores da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e Caribe).
Publicado: 9/05/12 – 18h46 Atualizado: 9/05/12 – 18h46
Fonte: O Globo
Imagem: Google
Por Amelia Gonzalez- FGV