Demanda por crédito da micro e pequena empresa cresce 3,4 pontos em julho, mas ainda é baixa

4 de setembro de 2018

Entre os empresários ouvidos, 73% descartam a possibilidade de contratar crédito nos próximos três meses. Quase metade não pretende investir em seus negócios até o fim do ano

Após um período de retração, o mercado começa a dar sinais de retomada das concessões de crédito. Cenário que vem resultando no aumento da demanda das micro e pequenas empresas do varejo e serviços (MPEs). Dados apurados pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) mostram que, entre junho e julho, o indicador que mede a intenção de contratar crédito registrou alta de 3,4 pontos. Em uma escala de zero a 100, o resultado de junho foi de 22,8 pontos, o valor máximo desde o início da série histórica.

Já na comparação com os meses de julho dos anos anteriores, houve um aumento no apetite por crédito. Em julho de 2017, o índice estava em 11,3 pontos, ao passo que no mesmo período de 2016 ficou em 10,8 pontos. Pela metodologia, quanto mais próximo de 100, maior é a probabilidade de os empresários procurarem crédito e quanto mais próximo de zero, menos propensos eles estão para tomar recursos emprestados.

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Na avaliação do presidente da CNDL, José Cesar da Costa, a recuperação gradual da economia já resulta em um quadro mais positivo. “A partir do momento em que observarmos maiores quedas reais dos juros, haverá um estímulo maior para a contratação de crédito nas empresas. Hoje, a confiança na retomada ainda é tímida, no entanto enxergamos nos setores do comércio e serviços vendas melhores”, afirma o presidente.

73% não planejam contratar crédito nos próximos meses; 53% acreditam que manterão negócio com recursos próprios

Em termos percentuais, 14% dos micro e pequenos empresários consideram a possibilidade de contratar crédito pelos próximos três meses. Entre esses, 37% pretendem usar para capital de giro, 22% buscam recurso externo para pagar dívidas, 20% para reformar empresa e 18% para comprar equipamentos e maquinário.

No entanto, 73% descartam a possibilidade de contratar crédito no  terceiro trimestre, sobretudo por acreditarem que conseguirão manter o negócio com recursos próprios (53%) e porque consideram as taxas de juros muito altas (30%). Além desses, 25% disseram estar inseguros com as condições economicas do país.

Entre os empresários que pretendem tomar crédito nós próximos meses, 42% planejam contrair empréstimo, 17% buscam financiamentos e 10% querem  contratar cartão de crédito empresarial. Em média, o valor a ser emprestado será de 35,887 mil reais. “Quando o ambiente de negócios estiver mais estável e com melhores perspectiva de consumo, enxergaremos um maior crescimento da demanda por crédito e investimento dos micro e pequenos empresários”, observa o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior.

Quase metade dos entrevistados não pretende investir em seus negócios; cautela com economia é principal motivo 

Outro indicador mensurado pela CNDL e pelo SPC Brasil é o de Propensão a Investir. Em julho, o índice marcou 40,9 pontos. O setor de serviços apresentou maior interesse em investir (42,0 pontos) do que o varejista (39,9 pontos). Na comparação anual, isto é, com julho de 2017, o indicador avançou 13,2 pontos. Pela metodologia, quanto mais próximo de 100 pontos, maior o apetite do MPE para investir nos próximos três meses; quanto mais distante, menor o apetite.

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De acordo com o levantamento, a intenção de investir avançou na passagem do ano, mas tem se mantido praticamente estável nos últimos meses, como reflexo das incertezas eleitorais. Quase metade (49%) afirmou que não pretende aplicar recursos para promover melhorias em seus negócios nos próximos 3 meses. A principal razão é o fato do país não ter se recuperado da crise até o momento  (37%), enquanto 35% afirmaram não ver necessidade. Além desses, 20% disseram ter realizado investimentos recentemente e aguardam retorno dos recuros aplicados.

Por outro lado, 34% dos empresários sinalizaram que pretendem investir no próximo trimestre, principalmente para aumentar as vendas (60%) e atender ao crescimento da demanda (22%). Entre os investimentos prioritários, destacam-se a compra de equipamentos e maquinários (25%), ampliação do estoque (24%), mídia e propaganda (23%) e reforma da empresa (23%).

Fonte: CNDL