Crocantes ou macios, doces ou salgados, a variedade de sabores e texturas enche os olhos e aguça o paladar. Estamos falando dos biscoitos caseiros, uma tradição conquistense presente em todos os lares, na hora de café da manhã, da tarde ou da noite. Essa tradição foi reconhecida pela Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), por meio do projeto de lei do deputado estadual Tiago Correia (PSDB), que concedeu a Vitória da Conquista o título de Capital Estadual do Biscoito.
Segundo o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Marcos Ferreira, o título coloca Vitória da Conquista em seu devido lugar na produção de biscoitos caseiros no Estado: “A Capital do Biscoito na Bahia assume, enfim, o seu devido lugar. Esta é uma atividade que, além de movimentar o nosso comércio específico das iguarias, gera emprego e renda para a economia da região. Afinal, na terra do café, não pode faltar um bom biscoito, não é mesmo?”.
Tradição familiar
De geração em geração, a tradição familiar se tornou um grande negócio em Vitória da Conquista, sendo responsável por fomentar a economia local. Atualmente, existem no município mais de 40 fábricas artesanais de biscoitos.
Estimativas do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) apontam que Vitória da Conquista produz cerca de 4 mil toneladas de biscoitos por ano, gerando emprego e renda para centenas de famílias. Somente na Ceasa, são 220 boxes exclusivos para a venda de biscoitos.
Essa tradição está presente na história de Zilmar Brito Lima, que aprendeu ainda criança, com a sua avó materna, os segredos da biscoiteria. Hoje, seus produtos são comercializados em Vitória da Conquista, Salvador e em outros estados. “Nossa família é do Pradoso. Quando eu era criança acompanhava minha avó e meu avô. Na segunda-feira, meu avô preparava a farinha. Na terça, minha avó fazia os biscoitos doces. Na quarta e na quinta, os avoadores. Na sexta, os chimangos. E, no sábado, ela vinha para o Mercadão da Praça da Bandeira vender a produção”, contou Zilmar, que complementou: “Então, quando comecei a fazer biscoito para vender, há 37 anos, eu trouxe toda essa história familiar e a mantenho viva com produção caseira, sem a utilização de aditivo químico”. A empresária, atualmente, possui uma loja na Travessa 2 de Julho e uma fábrica que emprega mais de 30 pessoas.
O empresário Vítor Fernandes, que também atua no ramo do biscoito caseiro, acredita que o título é um reconhecimento da cultura conquistense, presente no cotidiano da cidade e que se tornou uma atração turística. “A produção de biscoito se consolidou como atração turística gastronômica em nossa cidade. A gente já tinha esse título de geração em geração. O título é uma das formas de captar o turista que vem visitar nossa cidade e acaba levando os nossos biscoitos caseiros para suas cidades”.
Além das biscoiteiras espalhadas por toda cidade, um dos maiores pontos de vendas destes quitutes, a Ceasa, é visitada diariamente por turistas e conquistenses que gostam de tomar café com biscoito. Segundo Zinha do Biscoito (Alzira Ribeiro), que há 37 anos vende biscoitos na Ceasa, o movimento das vendas é bom de janeiro a dezembro, mas a melhor época é o final do ano, quando as famílias recebem visitas de familiares vindos de outros municípios.
“Aqui, a gente já perdeu a conta da quantidade que vendemos por semana. A época mais forte é o final do ano, porque é quando as visitas chegam de outras cidades. Nessa época, a gente recebe muito turista. No São João, também vendemos bem, mas é só na semana da festa. Já no final do ano, temos o mês de dezembro inteiro de boas vendas, explicou Zinha.
De passagem por Vitória da Conquista, Agnaldo Novaes, morador do Rio de Janeiro, tem a Ceasa como parada obrigatória para a compra de biscoitos. “Eu não posso voltar para o Rio sem o biscoito de Conquista. Todo ano, eu venho em Conquista, e a parada obrigatória é a Ceasa, para comprar os biscoitos para levar para o meus familiares”.
PMVC