Imprevistos com saúde, manutenção da casa e descontrole orçamentário são as principais causas da inadimplência no país, apontam CNDL/SPC Brasil

15 de abril de 2025

Imprevistos com saúde, manutenção da casa e descontrole orçamentário são as principais causas da inadimplência no país, apontam CNDL/SPC Brasil

A alta inadimplência no país impacta diretamente a economia e vida financeira dos consumidores. Apesar do cenário de queda no desemprego, o número de famílias endividadas bate recorde no Brasil. De acordo com levantamento realizado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) em parceria com a Offerwise Pesquisas, as principais causas da inadimplência dos consumidores entrevistados foram os imprevistos com problemas de saúde, morte, manutenção da casa, carro etc. (19%) e a falta de controle financeiro do orçamento (17%). Já 15% dos inadimplentes afirmaram que tiveram queda da renda e para 14% os preços subiram muito.

De acordo com os entrevistados, as contas que estão com o pagamento em atraso são: cartão de crédito (15%), conta de água e luz (10%), cheque especial (9%), empréstimo em banco ou financeira (9%) e telefone (8%).

Já entre os que estão com o pagamento em atraso e foram negativados, as contas em atraso são: cartão de crédito (23%), empréstimo em banco ou financeira (16%), crediário (12%), cheque especial (12%) e contas de água e/ou luz (9%).

“O Governo tem olhado com atenção para a questão da inadimplência da população, inclusive tem lançado programas de negociação e de refinanciamento das dívidas, mas não têm surtido o efeito esperado. Além da questão dos juros altos, que impactam diretamente na capacidade de pagamento das contas, temos hoje um cenário de consumo exacerbado influenciado pelas redes sociais. O consumidor muitas vezes compra no impulso e depois não consegue honrar com os pagamentos”, destaca o presidente da CNDL, José César da Costa.

O impulso de consumo e a falta de planejamento financeiro estão entre os fatores que levam muitos consumidores à inadimplência. Entre aqueles que relataram ter ficado com contas em atraso por descontrole financeiro, 43% admitiram que aproveitaram uma promoção sem avaliar se cabia no orçamento. Outros 23% justificaram a compra afirmando que desejavam muito determinado produto ou serviço e, se esperassem sobrar dinheiro, levaria tempo demais para adquiri-lo. Já 19% revelaram que estavam emocionalmente abalados e acabaram gastando como uma forma de compensação.

Além disso, nos últimos três meses anteriores à pesquisa, o consumo sem planejamento foi uma realidade para muitos entrevistados. Quase metade (47%) admitiu ter feito compras sabendo que o pagamento seria difícil, enquanto 39% adquiriram produtos ou serviços sem avaliar se conseguiriam quitá-los. A pesquisa mostra ainda que 29% afirmaram ter comprado algo conscientes de que não deveriam ter condições de pagar, evidenciando a influência das emoções e do impacto da falta de organização do orçamento na inadimplência das famílias, especialmente em um cenário de crescente endividamento.

Internet, água, luz e telefone são as principais contas com pagamento em dia

Em relação à prioridade no pagamento, os consumidores entrevistados admitem que os principais compromissos financeiros com o pagamento em dia são as contas de internet (73%), água e luz (68%), telefone (65%), TV por assinatura (59%), e plano de saúde (48%).

Já os principais itens comprados no crédito sem pagamento foram: supermercado (52%), roupas, calçados e acessórios (36%), remédios (34%), eletrodomésticos (24%), e combustível (22%).

“Os smartphones passaram a ter uma importância tanto social quanto profissional na vida das pessoas. Ter como prioridade o pagamento das contas de internet e celular mostra o poder e a importância dessas ferramentas na vida da população. É importante saber utilizar a tecnologia como aliada na hora de comprar, fazendo pesquisa de preços”, destaca Costa.

Para 77% dos inadimplentes, quitar dívidas vai comprometer o pagamento de contas básicas como água, luz e telefone. Para a metade, a negativação do nome é a principal consequência

Oito em cada dez inadimplentes (84%) afirmam que tem condições de pagar as dívidas nos próximos três meses, sendo que 51% pretendem quitar as pendências integralmente e 23% parcialmente. Por outro lado, 16% não têm condições de pagar suas dívidas nesse período.

As dívidas apresentam valor médio de R$ 2.444, sendo que 21% possuem dívidas entre R$ 2.500 até R$ 7.500 e 14% entre R$ 500 e R$ 1.000.

Chama a atenção que se 77% dos entrevistados quitassem todas as dívidas atrasadas, o pagamento das suas contas básicas como água, luz, telefone, alimentos e aluguel (se houver) estaria comprometido, seja totalmente (40%) ou parcialmente (37%).

Um quarto dos entrevistados (26%) afirmam que os débitos comprometem entre 50% e 75% de seus ganhos, enquanto 22% dizem que as dívidas consomem entre 25% e 50% de sua renda. Já 20% declaram que as pendências financeiras representam até 25% dos seus rendimentos.

Considerando aqueles que pretendem quitar total ou integralmente suas dívidas nos próximos três meses, 33% vão fazer cortes no orçamento para economizar, 27% pretendem fazer um acordo com o credor parcelando o valor, 25% vão fazer algum tipo de bico para gerar renda extra e 23% vão utilizar dinheiro de comissões, bônus, férias etc.

Aqueles que têm intenção de economizar para quitar suas dívidas, devem cortar gastos principalmente com lazer (50%), alimentação fora de casa e delivery (49%), vestuário e calçados (43%), produtos de beleza (34%) e salão de beleza (30%).

Com relação aos principais desafios enfrentados por inadimplentes na hora de regularizar suas pendências financeiras, para 20%, a maior barreira é deixar de comprar coisas não essenciais que gosta, seguido de não ter de onde tirar dinheiro (20%), enquanto 19% apontaram a queda da renda. Além disso, 18% afirmam renunciar a itens essenciais para seu sustento e o da família, como principal obstáculo.

Perguntados sobre as consequências do não pagamento das dívidas, os entrevistados destacaram a negativação do nome (51%), o pagamento de taxas de juros mais altas (35%) e a perda de crédito em lojas e bancos (31%).

Quase a metade (45%) dos inadimplentes se sentem pressionados a gastar mais quando estão com a família e amigos. 39% concordam que navegar nas redes sociais faz com que comprem sem pensar se podem pagar

A pesquisa mostra que 53% quase sempre cedem aos seus impulsos quando querem muito comprar algo, 53% gastam mais dinheiro do que o orçamento permite, 48% compram sem planejar para se sentir melhor e se valorizarem, 42% admitem que se endividaram porque o prazer de comprar é maior do que seu controle financeiro, 39% concordam que navegar nas redes sociais com frequência faz com que comprem sem pensar se têm condições de pagar, 36% dizem que as pessoas afirmam que eles compram demais e 33% dizem que gastam mais do que podem, acumulando dívidas, para acompanhar o padrão de vida de amigos.

As decisões financeiras não são apenas individuais, mas influenciam diretamente a dinâmica dos relacionamentos. Quase a metade (45%) concordam que se sentem pressionados a gastar mais quando estão com a família e amigos. Além disso, 44% dizem que sua reputação está sendo afetada pelas dívidas com o pagamento em atraso.

O consumo para agradar familiares também pesa: 43% frequentemente gastam mais do que podem para satisfazer as vontades de parceiros, namorados(as) e filhos. Como consequência, o aumento dos conflitos dentro de casa uma vez que, 32% relatam que a forma como administra seu dinheiro é motivo frequente de brigas com os pais, familiares próximos e/ou cônjuge.

“O levantamento revelou que a impulsividade e o descontrole financeiro desempenham um papel significativo na contração de dívidas, com muitos consumidores adquirindo bens e serviços sem planejamento ou sem considerar sua real capacidade de pagamento. Esse comportamento, além de comprometer a estabilidade financeira, também impacta os relacionamentos interpessoais. Os resultados da pesquisa reforçam a necessidade de maior conscientização sobre hábitos de consumo e planejamento financeiro, bem como o desenvolvimento de estratégias para evitar o endividamento excessivo, e que principalmente que comprometa o pagamento das despesas mensais’, afirma o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Júnior.

77% tentaram negociar as dívidas, nove em cada dez receberam cobrança

Apesar da dificuldade em pagar as dívidas e manter as contas em dia, 77% dos inadimplentes tentaram negociar a dívida, principalmente procurando o credor (31%). Enquanto 23% procuraram e foram procurados para a negociação e 18% foram procurados pelo credor. Por outro lado, 19% não tentaram um acordo para o pagamento.

Nove em cada dez consumidores (92%) se prepararam para a negociação, principalmente pesquisando o valor da dívida atual com juros e multas (31%). Já 29% procurando informações sobre as formas de pagamento da dívida, e 28% pesquisando o valor inicial da dívida.

De acordo com o levantamento, 88% dos inadimplentes têm recebido cobrança das dívidas em atraso por parte dos credores, principalmente por e-mail (33%), SMS (33%) e WhatsApp (31%).

Entre os que passaram por essa situação, 33% relatam sentimentos constrangimento, enquanto 30% sentem-se chateados. Além disso, 27% mencionam angústia, 26% tristeza e 24% a pressão gerada pelo contato dos credores.

Mais da metade dos entrevistados afirma que a cobrança foi feita de forma respeitosa (53%). Por outro lado, 27% disseram que foi impessoal, 15% ameaçadora e 14% agressiva.

Metodologia

Público-alvo: Consumidores com contas em atraso há mais de 3 meses, de todas as capitais brasileiras, homens e mulheres, com idade igual ou maior a 18 anos, de todas as classes econômicas.

Método de coleta: pesquisa realizada via web e pós-ponderada por sexo, idade, estado, renda e escolaridade.

Tamanho amostral da Pesquisa: 600 casos, gerando uma margem de erro no geral de 4 p. p. para um intervalo de confiança a 95%.

Data de coleta dos dados: 22 a 30 de janeiro de 2025.

Sobre a CNDL – Criada em 1960, a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) é formada por Federações de Câmaras de Dirigentes Lojistas nos estados (FCDLs), Câmaras de Dirigentes Lojistas nos municípios (CDLs), SPC Brasil e CDL Jovem, entidades que, em conjunto, compõem o Sistema CNDL. É a principal rede representativa do varejo no país e tem como missão a defesa e o fortalecimento da livre iniciativa. Atua institucionalmente em nome de mais de 500 mil empresas, que juntas representam mais de 5% do PIB brasileiro, geram 4,6 milhões de empregos e movimentam R$ 340 bilhões por ano.

SPC Brasil – Há mais de 60 anos no mercado, o SPC Brasil possui um dos mais completos bancos de dados da América Latina, com informações de crédito de pessoas físicas e jurídicas. É a plataforma de inovação do Sistema CNDL para apoiar empresas em conhecimento e inteligência para crédito, identidade digital e soluções de negócios. Oferece serviços que geram benefícios compartilhados para sociedade, ao auxiliar na tomada de decisão e fomentar o acesso ao crédito. É também referência em pesquisas, análises e indicadores que mapeiam o comportamento do mercado, de consumidores e empresários brasileiros, contribuindo para o desenvolvimento da economia do país.

Sobre a Offerwise – Há mais de 16 anos que a Offerwise vem abordando de maneiras inovadoras a pesquisa de mercado. Com um modelo único e próprio de recrutamento tem conseguido construir um dos principais painéis de pesquisa no mundo, evoluindo para uma empresa robusta de campo online com uso de tecnologia avançada. Detém o maior e mais representativo painel da América Latina e Hispânico nos EUA. Os escritórios ao redor do mundo estão compostos por profissionais de pesquisa de mercado que conhecem e compreendem suas culturas locais e também os consumidores que se deseja alcançar.