Um dos principais atrativos para empresas de qualquer porte e que buscam um candidato no mercado, é a experiência. Algumas empresas buscam uma denominada “ampla vivência nisso” ou uma “larga experiência naquilo”, mas surpreendentemente, no final das contas, o profissional que realmente possui esta experiência, acaba sendo descartado após alguns anos de serviço ou então é preterido em detrimento de outro profissional mais jovem.
Falo dos profissionais com mais de 45, 50 anos. Eles tem a experiência e a vivência que satisfaria qualquer empresa. Tem o conhecimento téorico, mas principalmente o conhecimento prático. Estes profissionais já passaram por inúmeras ocasiões problemáticas, muitos passaram por fusões entre empresas, tendo de se adaptar à novas educações corporativas, se atualizaram, estudaram um bocado. E no final das contas, são substituídos.
Vejo algumas empresas justificarem as substituições dizendo que é necessário colocar gente “fresca” e jovem por estes serem mais dinâmicos, terem idéias inovadoras e uma porção de outras desculpas.
A verdade é que o profissional acima da faixa etária mencionada, pode ser tão dinâmico, inovador ou idealista como qualquer jovem profissional com metade da sua idade, mas com uma vantagem: já possuem experiência suficiente pra saber o que dá certo ou não, e o tamanho do prejuízo caso a grande idéia de um novato não dê certo.
É comum encontrar ex-profissionais que se tornaram donos de seus próprios negócios após terem sido substituídos por novas mentes brilhantes no mercado de trabalho. Mas na ponta do lápis, grande parte destes jovens que os substituiu não ganhará durante a vida toda o que o profissional substituído ganhou para a empresa no tempo em que foi seu funcionário.
É preciso reaproveitar a experiência das grandes mentes experientes que ainda existem no mercado, em serviços de consultoria e até mesmo de treinamento dos futuros profissionais da empresa e não descartá-los, pois é de grande valia o que sabem. É de vital importância que mesmo que novas pessoas sejam integradas em uma empresa, se mantenham os profissionais que a fizeram chegar onde está, como fazem as empresas tradicionalmente familiares do mercado. Veja se Donald Trump substituiu algum de seus antigos funcionários que trabalham com ele há mais de 30 anos? Não, o que ele fez, foi torná-lo seus conselheiros, seus consultores em diversas áreas. Na Bauducco, um profissional “das antigas” ouve a idéia dos novatos e aponta o que pode dar certo ou não em cada época do ano e segmento onde pretendem arriscar. Na Sadia, os antigos programadores Cobol são professores e consultores de novos profissionais que entram para fazer parte da equipe técnica de sistemas herdados, já que há grande falta de programadores de linguagens antigas no mercado. Estes profissionais não são substitídos, são reaproveitados e com isso todos ganham.
Sempre é possível que um profissional mais antigo adapte-se as novas tendências do mercado, sendo ele um profissional que foi arrojado em seu tempo. Nada impede que ele se torne tão bom quanto dois de metade da sua idade. Não conheço casos de sucesso que contem com profissionais com mais de 50 anos e que não sejam positivos. O contrários nós já vimos. De que adiantaria substituir um membro importante da equipe somente pelo fato de que empresarialmente ele ficou “velho”? Coloca-se 4 profissionais marginalizados que farão tudo por um salário bem menor no lugar deste, e no final a conta sempre vai dar negativa para a empresa que preferiu a troca.
O reaproveitamento de um profissional de mais idade e maior experiência é sempre benéfico para a empresa, que vai contar com toda uma vivência corporativa deste profissional no mercado, o que pode até levar cases de sucesso de outras empresas a darem certo também na empresa que o consultar, para o profissional, que não vai simplesmente engavetar todo o conhecimento adquirido ao longo de anos de trabalho, erros e acertos e também para a sociedade, que manterá produtivos e úteis profissionais de mais idade, promovendo até mesmo qualidade de vida para que continuem sendo tão úteis quanto já foram.
Por Flávia Jobstraibizer
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