Fale-me para que eu te veja – diziam os gregos. A oratória surgiu em Siracusa, na Sicília, no século V a.C. É de lá o primeiro manual sobre a retórica de que se tem notícia, de autoria de Córax e Tísias. Outros surgiriam nos anos seguintes, mas o mais renomado é ainda a “Arte Retórica de Aristóteles”. Foi na terra das Olimpíadas que a oratória encontrou campo fértil para o desenvolvimento. Para os gregos, saber falar adequadamente em público era uma das mais importantes qualidades que um homem poderia demonstrar. Antes restrita a poucos cidadãos de destaque, aos poucos, a eloqüência e a capacidade de falar em público passou a ser considerada uma capacidade que podia ser adquirida e desenvolvida através de estudo e treinamento.
Segundo a Enciclopédia Universal Multimídia , disponível na internet e originária de Portugal, a oratória “é o termo que designa a arte de falar em público. Constitui uma das variantes do discurso argumentativo. Na organização do texto oratório é necessário apresentar argumentos e ordená-los com o objectivo de informar, demonstrar, convencer e manipular. Na época medieval, a argumentação partia de uma disputa que exigia a formulação de um problema e argumentos a favor e contra, uma solução e respectiva fundamentação e, por fim, respostas às objecções postas ou supostas. A oratória, enquanto discurso performativo, exige a utilização de outros códigos que não o linguístico, como a voz, a dicção, a entoação e os gestos. Na estrutura do texto oratório há quase sempre uma introdução, a que se segue o discurso propriamente dito com a exposição do tema, a confirmação ou argumentação, terminando com a conclusão”.
A oratória de antigamente foi se adaptando à linguagem e costumes de cada povo. “O que houve, na verdade, foi uma grande transformação nas exigências dos ouvintes e onseqüentemente na orientação do ensino da arte de falar. O auditório de hoje solicita uma fala mais natural e objetiva, sem os adornos de linguagem e a rigidez da técnica empregada até o princípio do século”, afirma Reinaldo Polito, professor de expressão verbal e autor de diversos livros, incluindo “Como falar corretamente e sem inibições”, da Editora Saraiva, de onde foi extraída esta declaração.
Para a advogada, doutora em História e professora de oratória, Maria Alice de Andrade Leonardi, a oratória pode melhorar em 100% o seu desempenho profissional. “Quem sabe se expressar verbaliza bem em qualquer situação e, por isso, torna-se uma pessoa mais segura, que aparece mais, tem mais eloqüência nas suas apresentações. Ela passa a pensar mais rapidamente, com mais segurança e fluidez”.
Comunicador nota 10
“O comunicador ideal é aquele que fala bem, com técnica, elegância, fluidez, inteligência e naturalidade, conquistando facilmente a atenção e a simpatia dos ouvintes. Seu bom humor contagia, sua agudeza de espírito envolve e cativa os demais em qualquer contexto, tanto quanto a um grande número de pessoas, em situações formais ou informais, profissionais ou sociais”. Esta é a definição de Reinaldo Passadori e consta no seu livro Comunicação Essencial, da Editora Gente.
A comunicação eficaz não está restrita ao momento da fala. Aliás, estudos afirmam que as palavras prendem apenas 7% da audiência. A voz vem com 38% da atenção e a maior parte -55% da platéia – fixa-se na comunicação não-verbal, que é a entonação e o ritmo da voz, os gestos e a postura do apresentador. De acordo com Reinaldo Polito, o segredo da boa gesticulação é não chamar a atenção. “Os gestos devem participar ativamente da comunicação, destacando e complementando as informações importantes, esclarecendo mensagens ocultas que não são transmitidas com palavras, mas sem que sejam percebidos de maneira ostensiva”.
Ele completa dizendo que, além de agir com naturalidade, conhecer seu público é fundamental e vai influenciar no que você vai falar e mostrar na palestra, incluindo a voz, o vocabulário e a expressão corporal. Você deve estudar cada caso e tipo de público isoladamente. A formação intelectual da platéia, conhecimento que possui sobre o tema, faixa etária predominante e emoção produzida pela mensagem vão influenciar todo o conteúdo da apresentação.
Ainda assim, há alguns indicadores que podem ser utilizados em praticamente todas as situações. “Quanto maior for o público e menor o nível intelectual dos ouvintes, mais intensa deverá ser a gesticulação. Por outro lado, quanto menor for a platéia e mais bem preparadas intelectualmente forem as pessoas, mais moderados deverão ser os gestos”, alerta o especialista.
Por Camila Micheletti
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