Veja 5 dicas para reduzir custos do seu negócio com permutas

28 de junho de 2012

Para criar um ambiente agradável e decorar seu restaurante sem custos, o empresário José Wilson Paiva Lopes, 58, criou uma galeria de arte com telas de artistas amadores. Em contrapartida, os artistas têm a oportunidade de expor suas obras no espaço de 600 m² do I Piatti, no Rio de Janeiro (RJ), o que aumenta as chances de venda dos quadros.

Restaurante carioca expõe e vende telas de artistas amadores enquanto decora ambiente a custo zero

Esse tipo de solução, comum no mundo dos negócios, é chamada de permuta. Segundo o consultor do Sebrae-SP Renato Fonseca, as empresas podem, por meio de trocas, reduzir custos, ampliar a experiência de compra do cliente, valorizar produtos ou serviços ou fazer testes com eles. Tudo isso sem comprometer recursos financeiros.

“A permuta junta expectativas ou propostas diferentes em uma nova situação que é boa para todos os lados. No caso do restaurante, ele decora o ambiente e economiza custos enquanto os artistas ganham um espaço para expor sua obra.”

Fonseca recomenda aos empresários estudar seus clientes e utilizar seu networking para fazer boas permutas. “É preciso saber quais experiências novas os clientes gostariam de receber e quem pode ajudar a atendê-las”.

  1. Liste seus gastos e fonecedores

Em seu livro “Empreenda (Quase) Sem Dinheiro”, o autor e colunista do UOL, José Dornelas, recomenda fazer uma lista dos principais custos e fornecedores da empresa. Identifique quais deles poderiam ser seus clientes e analise o potencial de troca entre as duas partes.

2.  Conheça seus clientes e use o networking

Estude a fundo o público-alvo do seu negócio. Saiba quais são as necessidades dele que não são atendidas pela sua empresa e busque em sua rede de contatos parceiros que possam lhe ajudar a suprir estas carências. “É preciso saber quais experiências novas os clientes gostariam de receber e quem pode ajudar a atendê-las”, diz o consultor do Sebrae-SP Renato Fonseca.

3. Produtos nas prateleiras podem ser permutados

Roupas, calçados e outros artigos que ganham novas coleções frequentemente podem ser permutados. A medida pode ser mais rentável do que uma queima total de estoque com descontos de 70% ou 80%. Acione fornecedores e descubra quais deles têm interesse em realizar a troca. “Tenha atenção atenção às oportunidades que aparecem e desenvolva uma boa rede de contatos”, afirma o consultor do Sebrae-SP.

4. Cuidado na escolha do parceiro

Tenha cautela na hora de escolher um parceiro para realizar permutas. Evite empresas que não tenham boa aceitação pelo público-alvo do seu negócio. Uma empresa com conceitos sustentáveis, por exemplo, não deve fazer permutas com outra que agrida o meio ambiente. “É um risco a empresa estar associada a outras que são problemáticas”, declara Fonseca.

5. Elabore um contrato

Para evitar problemas futuros, faça um contrato simples detalhando o valor e a quantidade de cada bem envolvido na transação, prazo, local e forma de entrega e quem vai arcar com as despesas do frete, se houver. “Nem sempre é possível trocar simultaneamente um produto pelo outro, por isso é bom fazer um contrato com a estipulação detalhada do negócio”, afirma o sócio da consultoria jurídica Ramos Racy Advogados, Luiz Gustavo de Oliveira Ramos.

Para identificar quais atividades da empresa podem envolver trocas, o especialista José Dornelas e colunista do UOL sugere que os empreendedores procurem entre seus fornecedores aqueles que também poderiam ser seus clientes. “Analise qual o pontencial de troca entre vocês”, diz no livro “Empreenda (Quase) Sem Dinheiro”.

“O bom da permuta é que ela acaba proporcionando um comprometimento mútuo entre fornecedor e cliente, que se confundem e trocam seus papéis”, afirma.

 Contrato simples evita problemas futuros

O sócio da consultoria jurídica Ramos Racy Advogados, Luiz Gustavo de Oliveira Ramos, diz que uma permuta está sujeita aos mesmos riscos de qualquer operação de compra e venda. A mercadoria pode não ser entregue, apresentar defeito ou variação na quantidade combinada.

Para evitar problemas futuros, Ramos sugere a elaboração de um contrato simples, detalhando o valor e a quantidade de cada bem envolvido na transação, prazo, local e forma de entrega e quem vai arcar com as despesas do frete, se houver.

“Nem sempre é possível trocar simultaneamente um produto pelo outro, por isso é bom fazer um contrato com a estipulação detalhada do negócio. Assim, evitam-se ‘dores de cabeça’ caso não seja entregue o que foi prometido.”

Ganho da empresa nem sempre pode ser medido

No caso do restaurante  I Piatti, no Rio, o proprietário José Wilson Paiva Lopes não recebe comissão sobre as peças dos artistas vendidas no espaço do seu negócio. O ganho é representado pela satisfação dos clientes e pela renovação constante do ambiente. A cada três meses, em média, os quadros são mudados de lugar ou substituídos.

“As pessoas observam mais quando os quadros são diferentes. Isso dá uma ‘cara’ nova ao ambiente. Os próprios artistas têm amigos que vêm ao restaurante para prestigiá-los, o que aumenta o movimento”, afirma.

Segundo o empresário, além de economizar os custos que teria comprando um acervo próprio, a constante renovação atrai público. Somados o almoço e o jantar, o I Piatti recebe cerca de 600 pessoas por dia e tem espaço para expor até 20 telas.

Para exibir um quadro no restaurante, basta o artista procurar a administração do local com uma foto, informações sobre o trabalho e preço para comercialização. “É uma satisfação ajudar o artista que, por ser desconhecido, tem mais dificuldade em expor seu trabalho e, ao mesmo tempo, trazer conforto para os meus clientes”, diz Lopes.

 

Por Afonso Ferreira
Do UOL, em São Paulo