Sono: veja como aumentar a disposição no trabalho

28 de agosto de 2012

Sonolência diurna pode ser sinal de distúrbio, como apneia. Veja dicas para ter mais energia durante a rotina corporativa

Não é incomum ver uma térmica de café em cada setor de uma empresa para espantar o sono durante a jornada de trabalho. Mas será que a rotina é cansativa a ponto de prejudicar a disposição dos funcionários? O estado de sonolência pode ser resultado de distúrbios ou outros problemas de saúde e monitorar a qualidade do sono, além de pequenos cuidados diários com a saúde, pode melhorar o estado de alerta para suportar a semana corporativa.

“Sempre que a pessoa tiver pouca qualidade ou quantidade de sono vai sentir a diferença durante o dia. É como o carro na reserva da gasolina, ou o celular que avisa que a bateria está com carga baixa: o sono é o aviso de que a energia está baixa e que a pessoa não está com a carga completa”, explica o doutor Denis Martinez, da Clínica do Sono, de Porto Alegre. Em média, são necessárias seis horas de sono para uma recarga satisfatória, mas quem não tem qualidade de sono precisa, às vezes, de até dez horas para se recuperar.

Pesquisas comprovam que os distúrbios do sono são cada vez mais comuns. “No trabalho, ficamos com adrenalina alta, sempre sob certo grau de pressão, sempre pensando e com grau de alerta. Se mesmo assim a pessoa não se mantém desperta, é provável que tenha algum distúrbio prejudicando seu sono”, comenta Martinez. De acordo com o especialista, são dez sistemas neurais para o estado de vigília, contra quatro sistemas para o sono. Ou seja, naturalmente, é mais provável que a pessoa se mantenha acordada do que dormindo.

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O distúrbio mais comum atualmente é a apneia do sono, que tem entre os principais indícios o ronco e a sonolência diurna. Além disso, segundo Martinez, há uma “epidemia de obesidade” e, a cada quilo que a pessoa se afasta do peso ideal, mais chances terá de perder a qualidade do sono. “Praticamente, o normal está se tornando ter apneia. A sonolência tem mais de outras 30 causas, mas são pouco comuns. Quem sente muito sono durante o dia deve estar com problemas de sono insuficiente ou apneia”, enfatiza.

Outros fatores usuais da rotina corporativa prejudicam a qualidade do sono. “Todo ambiente de trabalho tem uma térmica de café, por exemplo, e as pessoas sonolentas passam o dia tomando a bebida. Quando chega a hora de dormir, a cafeína não permite descansar e o sono não é o mesmo”, conta o doutor. Doenças causadas por uma alta carga de pressão no trabalho, como estresse, têm um sistema que aumenta a adrenalina, maior acordador que existe. Além disso, podem desenvolver depressão e ansiedade que, em geral, trazem insônia à noite. “Ou seja, a pessoa passa o dia com sono, tomando café para acordar, chega em casa e perde o sono pela cafeína ou pela ansiedade. Assim, não descansa e não recarrega as energias, ficando sonolento durante o dia de trabalho”, completa.

Se movimentar demais enquanto dorme, além de roncar, é mais um indicativo de distúrbios do sono. O ideal seria deitar e acordar na mesma posição, o que demonstra um período tranquilo e de descanso. “O sujeito tem que acordar disposto e passar o dia disposto”, conclui o doutor Martinez.

Alimentação correta
Comer corretamente pode ajudar a manter a disposição diária. Segundo Ana Harb, professora do curso de Nutrição da Unisinos, desde o começo do dia a alimentação precisa ser correta e organizada. “Para ter energia, é preciso não ficar tempo demais sem comer, mas não comer demais porque tira a energia”, explica.

E a alimentação correta inicia junto com o dia. “Não tomar café da manhã e iniciar as suas atividades pode gerar desconcentração no trabalho. Esta refeição deve ser em casa, sentado à mesa. Nada de sair correndo com um copo de café pelo caminho. Pão (de preferência integral), frios, leite (ou derivados) são uma ótima pedida”, enfatiza Ana.

Mesmo que o trabalho exija muito, é importante não se esquecer de pequenos lanches a cada três horas. “Frutas, cereais em barra, frutas secas, pacotes pequenos de 100 kcal de bolachinhas são ótimos exemplos de lanchinhos. O mercado oferece várias opções. É melhor comer pouco e seguido. Previne o ‘ataque’ a comida na hora das refeições”, diz a nutricionista.  Na hora do almoço, o ideal é optar por alimentos de digestão mais leve, como carnes magras, e fugir dos sucos e refrigerantes doces, que dão mais sede. “Os líquidos nas refeições devem ser ingeridos com moderação, pois pesam no estômago. Se o almoço ‘encher’ demais,  a pessoa vai ter sonolência”, completa.

O cuidado deve seguir o trabalhador até em casa. Nas refeições à noite, o melhor é apostar em porções pequenas e moderadas. “Se empanturrar na hora de dormir pode causar refluxo e uma noite muito mal dormida, afetando a qualidade do trabalho no dia seguinte. A Cronobiologia, ciencia a qual estudo e faço parte do Laboratorio de Cronobiologia do HCPA estuda estes fenomenos. A noite é para dormir, pois o corpo está precisando de repouso. Se comemos muito ele estará trabalhando e, por isso, acumulando energia que ser transformará em excesso de peso”, enfatiza Ana. Para manter a disposição no trabalho e lutar contra o sono, é melhor cuidar com o excesso de doces, bolachas recheadas, frituras, alimentos gordos e salgados com excesso de gordura. “Um bom sanduíche é muito melhor”, conclui.

“Pare um pouquinho, descanse um pouquinho”
Outra possibilidade para melhorar as energias é sair um pouco da cadeira no trabalho e praticar ginástica laboral. De acordo com o professor Marcelo La Torre, do curso de Educação Física da Unisinos, é possível fazer uma ginástica preparatória para a jornada de trabalho ou de pausa, que acontece ao longo do dia.

“Parar para fazer ginástica tira a tensão da atividade, distrai o trabalhador e ajuda a voltar mais animado para seguir a jornada”, diz o professor. Além disso, apostar em exercícios físicos orientados também traz mais disposição. “A atividade ajuda a melhorar a saúde e torna o ser humano mais disposto”, completa.

Fonte: http://revista.penseempregos.com.br