O empresário e as eleições

14 de setembro de 2012

A orientação dos colaboradores para o voto consciente deve ser incluída entre as responsabilidades corporativas

Já é sabida a importância que o setor privado – ou seja, as empresas – tem para o desenvolvimento não só da economia, mas também de toda a sociedade. Mesmo nos países mais desenvolvidos, a colaboração do chamado segundo setor tem sido fundamental para o desenvolvimento sustentável. Não quero com essa afirmação diminuir os compromissos e o papel do Estado, mas afirmar que vivemos numa era de corresponsabilidades.

As empresas comprometidas com a sustentabilidade dos próprios negócios chamam para si a responsabilidade de transformar seus colaboradores em pessoas capazes de prosperar tanto na corporação quanto na sociedade.

Além do aperfeiçoamento profissional, as empresas investem para manter os colaboradores distantes dos vícios das drogas e do álcool, conscientizam as mulheres sobre a importância da amamentação, reforçam os aspectos da segurança alimentar e a garantia dos filhos na escola, e por aí vai. É uma vasta lista de temas que impactam positivamente os negócios e ainda influenciam diretamente no desenvolvimento de uma sociedade mais equilibrada.

O que me deixa um pouco assustado é que ainda são tímidas as iniciativas corporativas em orientar seus colaboradores para um voto consciente. Às vésperas das eleições municipais, por considerarem um tema à parte, muitas empresas perdem a oportunidade de contribuir efetivamente para o desenvolvimento da democracia, em especial num ano em que estamos escolhendo prefeitos e vereadores – na prática, os representantes mais próximos das realidades cotidianas das comunidades. Para as pequenas e médias empresas, considero as eleições municipais as mais importantes. Principalmente nos municípios menores, a influência do prefeito e dos vereadores é sentida imediatamente no dia a dia do comércio local e das empresas regionais.

Nesse cenário, acredito que a influência positiva exercida pelas empresas sobre seus colaboradores deveria ser aproveitada para conscientizá-los da importância das eleições municipais e também para orientá-los no processo de escolha dos candidatos que de fato sejam merecedores de votos. É muito importante que empresários e trabalhadores saibam agir como cidadãos, que tenham consciência de seus deveres e direitos e, principalmente, de seu poder de conduzir mudanças numa eleição direta.

Empresários e empreendedores que não conversaram sobre isso ainda têm tempo. O engajamento dos eleitores pode acontecer de forma mais rápida e transparente com o auxílio das empresas. Com a devida imparcialidade partidária, é possível ampliar o diálogo a favor do bem comum.

Todo esse processo deve ser feito com muita objetividade, transparência e ética. As empresas não podem indicar ou interferir na decisão entre um ou outro candidato, mas colaborar com a disseminação das boas práticas eleitorais, sejam do candidato, sejam do eleitor. A publicação A Responsabilidade Social das Empresas no Processo Eleitoral, organizada pelo Instituto Ethos e pela Transparency International, disponível na internet, oferece um norte seguro para aprofundamento das questões que envolvem o empresariado e o mundo da política. Para fortalecermos a democracia precisamos combater a corrupção, promover a educação para a cidadania e repensar o financiamento de campanhas em nosso país.

Influenciar políticas públicas e votar bem são direitos de todos e deveres das empresas. Das grandes, médias e das pequenas também!

Por Claudio Tieghi*
Imagem: sistemampa.com.br

*Claudio Tieghi é presidente da Associação Franquia Sustentável (Afras) e diretor de responsabilidade social do grupo Multi Holding