Números revelam que os executivos estão deixando de lado um aspecto muito importante da vida particular: a preocupação com o bem-estar. E, segundo alegam, a principal causa é a falta de tempo
Natalia Kfouri/MBPress
O tempo é uma questão de organização e estabelecimento de prioridades. Parece óbvio, mas a verdade é que são poucos aqueles que conseguem definir quais aspectos de sua vida são prioritários. A saúde, por exemplo, deveria ser uma preocupação constante. Porém, a realidade difere, e muito, da teoria.
De acordo com Camila Colazzo, consultora empresarial da ZR Consultoria, de Osasco (SP), inúmeras pesquisas apontam que a sobrecarga de trabalho pode ser responsável pelo desenvolvimento de diversas doenças. Contudo, parece que quanto mais há informação à disposição, menor é o índice de preocupação. “A maior parte dos profissionais desenvolve um quadro de doenças crônicas pela falta de tempo e atenção com o próprio bem-estar”, garante ela.
Dados do Ministério do Trabalho apontam que nos últimos dez anos as doenças relacionadas ao exercício da profissão cresceram 480%.
Em relação ao ambiente corporativo, os números também são alarmantes. Segundo o último levantamento feito pela gestora de planos de saúde Omint, em 2007, 96% dos executivos não conseguiam manter uma alimentação equilibrada. E o que era ainda pior: somente 26% procuravam mudar essa situação. (veja quadro com os principais problemas de saúde dos executivos brasileiros)
Ainda de acordo com a pesquisa, 44% dos executivos eram sedentários, 32% apresentavam elevado nível de estresse e 13% eram fumantes.
Os problemas de saúde diagnosticados entre esses profissionais foram os mais variados possíveis. Hipertensão, colesterol alto, diabetes, obesidade, rinite, alergias de pele, estresse, ansiedade, insônia e até mesmo quadros de depressão figuraram entre os principais. “A rotina desses executivos é muito intensa”, comenta o médico cardiologista Milton Takachi. “Por isso a principal alegação para justificar essa situação é a falta de tempo.”
É certo que um grande número de compromissos pode acabar invertendo prioridades. Então, qual saída para o bem-estar se tornar um compromisso realmente inadiável?
Pensando em auxiliar nessa questão, algumas instituições dedicam cuidados complementares e monitoram de perto a saúde de seus executivos. Hospitais como Albert Einstein, Sírio-Libanês, Fleury e do Coração são cases nesse sentido. Com incentivo aos check-ups e extensão continuada de tratamentos, esses estabelecimentos tentam manter sob controle os efeitos negativos da rotina corporativa em seus pacientes.
No Albert Einstein, por exemplo, uma enfermeira mantém contato constante com os executivos para averiguar se eles estão seguindo as recomendações médicas. Para facilitar o relacionamento, o paciente se compromete a sempre atender aos telefonemas do hospital. No Fleury, para dinamizar o processo, também é utilizado o acompanhamento via web.
O cardiologista Milton Takachi pretende implantar em seu consultório um sistema semelhante para acompanhar seus casos considerados mais críticos, mas adverte que qualquer tipo de tratamento só surte efeito quando o paciente faz a sua parte. “O médico mostra o caminho e a pessoa decide seguir ou não”, diz.
Na opinião da consultora Camila Colazzo, as corporações também podem ajudar seus funcionários a adotarem posturas mais saudáveis no cotidiano de trabalho, sem que prejudiquem a boa gestão do tempo. “As empresas podem promover campanhas e estipular como meta uma periodicidade para que os profissionais realizem exames de rotina”, sugere.
O importante, enfim, é planejar-se e compreender que a saúde não é como uma reunião, a qual se pode desmarcar ou remarcar. Trata-se de uma prioridade e um compromisso inadiável. Afinal, o bom executivo é aquele que consegue gerir seu tempo de forma eficaz, definindo com excelência suas prioridades.
Por Natalia Kfouri/MBPress
Imagem: jangadeiroonline.com.br