Comemora-se hoje, dia 16 de outubro, o Dia da Ciência e da Tecnologia. C & T são vetores quase inseparáveis dos avanços da humanidade. Devidamente usados, podem permitir às nações progressos significativos na educação, na saúde, na preservação do meio ambiente, no aumento da produtividade econômica e na integração social, com superação da pobreza e dos problemas sociais.
Realmente, pobreza, educação, saúde, meio ambiente, globalização acelerada e suas conseqüências são problemas de complexidade cada vez maior, que não podem ser equacionados e resolvidos sem a utilização científica e estratégica do conhecimento, sem que se entendam em profundidade as suas causas, implicações e efeitos.
O Dia da Ciência e Tecnologia é, portanto, um bom dia para reflexões. Essas reflexões, devidamente feitas, poderiam ensinar-nos que C & T não consistem apenas em mexer com as mãos, comprar os últimos equipamentos do “front”, ler ou usar manuais de operação, apertar botões de aparelhos, usar programas de computadores que nos chegam, sair por aí “amando a natureza”, usar patentes compradas ou alugadas, saber das “últimas descobertas”.
É preciso educação, boa formação e prática (adequadas e continuadas), dedicação e muito uso da cabeça.
A tão desejada inovação requer toda uma cultura, que hoje precisa ser planejada e cuidadosamente assistida. Da parte do governo espera-se apoio continuado, ao menos para as linhas estratégicas de atividades científicas e tecnológicas.
O Plano Plurianual de C & T do Governo Federal 1996-1999 previu um esforço na ampliação dos investimentos, fato que infelizmente não se vem confirmando dentro das expectativas criadas. A despesa em C & T, quevinha caindo (2,5 para 2,3 milhões entre 1994-96), ficou com os números bastante difusos ou mais confusos.
O papel das Fundações de Apoio à Pesquisa, criadas em vários Estados, a exemplo da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) tem sido bastante prejudicado devido à lamentável atitude de governos estaduais que não cumprem a lei e desviam os recursos para outros fins. AFAPESP, apesar disso, continua sendo o bom exemplo e a sociedade paulista já colhe importantes resultados.
O Small Business Innovative Research, por exemplo, aplicado por essa Fundação com a sigla PIPE, está fomentando mais de 70 projetos de inovação. A FAPERJ (no Rio de Janeiro) está em franca recuperação, com grande apoio do governador Garotinho, já com aplicações de 35 milhões só para atualizar o atraso dos últimos anos.
Paraincentivar os governadores a simplesmente cumprirem as leis que criaram as FAPs, estamos propondo que a SBPC crie a Medalha do Mérito Científico, a ser concedida aos que permitirem o uso devido dos recursos para C & T pelas respectivas Fundações estaduais ou oferecerem apoio significativo para o fortalecimento da ciência.
Por volta de 1985-86, pesquisadores científicos da UnB iniciaram articulações visando à criação da FAPDF (Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal).
Pesquisadores da Embrapa e políticos de visão logo se juntaram e no final de 1992 já estava aprovada a Lei da FAPDF. Consideramos essa uma das mais sábias decisões do Governo Roriz, na gestão passada, e da Câmara Legislativa do DF. Mas, a FAPDF está sem recursos.
Dos cerca de 20 milhões previstos para 1999 não aplicou mais do que 500 mil! É importante que as verbas previstas sejam realmente aplicadas em C & T, ou ficaremos para trás. Brasílianasceu para liderar, e tem tudo para fazê-lo em C & T. Não deixemos que o imediatismo prevaleça sobre o que é realmente estratégico.
Lauro Morhy
Fonte: www.unb.br