Uma empresa de Barretos, no interior de São Paulo, criou um equipamento que pode dar um destino nobre ao lixo orgânico doméstico que atualmente vai parar em lixões e aterros.
O processo faz do resíduo um pó que pode ser usado como fertilizante ou até mesmo na fabricação de tijolos.
A tecnologia, cujo pedido de patente foi feito ao Inpi (Instituto Nacional de Propriedade Industrial), é a aposta da Gold Press Máquinas e Reciclagem para crescer.
De acordo com o dono da empresa, Jerônimo Flausino de Paula, que também é o criador do equipamento, o processo de pesquisa e desenvolvimento da técnica levou cerca de três anos e consumiu R$ 400 mil.
A microempresa, hoje com seis funcionários e um faturamento anual de R$ 50 mil, já fazia máquinas usadas em reciclagem de resíduos como plástico, alumínio e papelão -menos lixo orgânico, como restos de alimentos.
“Em 27 anos trabalhando com reciclagem, sempre pensei em buscar algo para aproveitar o lixo orgânico.”
O lixo orgânico é a maior parte do total de resíduos domésticos coletados no país, mas o uso desse material ocorre em pequena escala.
No equipamento criado por Flausino de Paula, o lixo orgânico -como restos de alimentos ou mesmo material vegetal proveniente de limpeza pública- passa por um reator que transforma tudo numa massa que, depois de seca, é triturada e vira pó.
Dois reagentes químicos, cuja fórmula o empresário não revela por questão de segredo industrial, são os responsáveis por remover os contaminantes do material.
Laudo técnico emitido pela Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Jaboticabal atesta que o pó tem potencial para ser usado na agricultura como fonte de cálcio e corretivo de acidez do solo.
Outra destinação, segundo a empresa, é o uso do pó misturado ao concreto na fabricação de tijolos -ensaios mostraram que a mistura dá mais resistência aos blocos.
O empresário diz que o investimento para colocar uma usina em prática varia de acordo com a necessidade.
ALTERNATIVA
O alvo do negócio de Flausino de Paula são principalmente as prefeituras.
O objetivo é dar aos municípios uma alternativa aos aterros, que estão cada vez com menos espaço e cujo potencial de impacto ambiental é grande.
Segundo o Inpi, o pedido de patente apresentado por Flausino de Paula em 2011 está na fase inicial, quando o processo é mantido em sigilo. Só depois deve passar pela etapa de exame.
A conclusão do processo pode levar em torno de cinco anos.
Fonte: Folha.com – Mercado